Afinal, em que mundo estamos?

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Reverendo Cônego Jorge Aquino.

Existe uma questão que deve estar presente na mente de todos aqueles que procuram interpretar o mundo ao seu redor: afinal como olhar para o mundo “fora de nós”, se nós estamos “dentro dele” e “fazemos parte” do mundo que nos cerca? Esta questão coloca diante de nós um dilema sobre o qual não podemos encontrar respostas. Podemos deixar de olhar para o mundo sem uma perspectiva subjetiva? Existe alguma objetividade em nossa leitura da realidade que nos cerca?

Todas essas questões podem parecer meros devaneios filosóficos, mas não são. O que está por trás dessas questões é a possibilidade ou não, de observarmos a realidade livres de nossos condicionamentos internos, de nossos pré-conceitos, pré-noções, de nossas ideologias, enfim, de nossa subjetividade. Minha resposta para essa questão é não. É impossível observar e interpretar o mundo a partir de um ponto de vista “fora dele”. Aceite; isso é um fato contra o qual você não poderá lutar.

Mas, há uma outra verdade que também precisamos entender: a história da humanidade nos mostra que, de tempos em tempos, a mentalidade se modificava e, portanto, era possível ver o mesmo mundo que se via antigamente, de uma forma diferente. Para os pensadores que começaram a discutir esse assunto na década de sessenta do século passado, essas mudanças de visões eram chamadas de mudanças de “paradigmas”. Um outro autor, Michael Foucault, dizia que cada realidade possuía sua “episteme”, outro termo para descrever a forma como formulamos nossas verdades. O que não podemos negar, é que as pessoas tinham uma perspectiva do mundo e de suas verdades durante a Idade Antiga ou a Idade Média.

Nosso mundo, diferente do mundo antigo ou medieval, também passa por uma espécie de gestação de uma nova “episteme” ou um novo “paradigma”. Nós, que nascemos no período que se convencionou chamar de Moderno, estamos vendo nascer – diante de nós – uma nova realidade com novos valores, ideologias e padrões de pensamento que, quer queiramos ou não, nos influenciarão e influenciarão cada aspecto daquilo que chamamos de civilização. O que chamávamos de Modernidade parece não ter conseguido atingir as metas para as quais se propôs. E essa falência ou fracasso em seu projeto, nos fez – aos poucos – romper com suas teses, suas crenças, suas verdades, suas ideologias e suas visões de mundo.

O que nos resta agora? Ainda não sabemos ao certo. Mas sabemos que a porta de entrada para um outro mundo se abriu. Nós ainda não ultrapassamos os limites que nos levam a essa nova realidade. E é por isso que vivemos com uma nostalgia do passado associada à uma esperança de um mundo melhor. Se este mundo, que alguns já chamam de Pós-Moderno, será melhor ou não, não podemos dizer ainda. Mas ele, inevitavelmente nos fará olhar para o mundo e suas realidades com outros olhos. Esta nova “episteme”, ou este novo “paradigma”, ainda está nascendo. Não existe nada que possamos fazer para impedir sua vinda.

Mas, uma vez que ele chegue, somente teremos três alternativas: ou bem o acolhemos e nos aliaremos aos seus padrões de verdade e às suas ideologias; ou bem nós o rejeitaremos, nos tornando seres proscritos, párias e representantes de um grupo de pessoas que vivem a olhar pelo retrovisor, rejeitando o inevitável; ou bem nós assumiremos uma postura de leitura crítica, compreendendo que, como cristãos, não fazemos alianças ideológicas; no máximo podemos ter um comportamento de cobeligerância, mas não uma rendição plena e total.

Para responder à questão que dá título a esse breve texto, estamos em mundo em mudanças, e mudanças muito profundas. No entanto, mesmo em mundo de mudanças, ainda existem algumas verdades que devemos afirmar e relembrar sempre. Não importa em qual mundo vivamos, qual a “episteme” que o caracteriza ou qual seja o “paradigma” dominante. Como cristãos, devemos sempre deixar claro que, existem valores acerca dos quais, jamais poderemos abriremos mão.

Afinal, quem somos nós?

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Reverendo Cônego Jorge Aquino.

Ontem ou estava observando algumas fotografias antigas que me registravam utilizando a farda da escola em que estudei desde os meus quatro anos de idade. Parece que meus familiares tinham o hábito de fazer esse registro anualmente. Em um determinado momento, quando eu tinha cerca de oito anos, as fotos cessaram. Depois de ver aquelas fotos e de me olhar no espelho, duas verdades me saltaram aos olhos. A primeira delas, é que eu hoje – com cinquenta e três anos – sou muito diferente do que era quando tinha cinco ou seis anos. A segunda, é que ninguém poderia negar que eu estava olhando para a mesma pessoa, no espelho. Como pode uma mesma pessoa mudar tanto e continuar sendo quem é? O que é mais significativo, é que essa questão não se aplica apenas a mim, mas a todas as pessoas que ainda estão vivas. Talvez essa seja a única razão para que continuemos vivos: mudar.

Na história do pensamento, encontramos um filósofo grego que afirmava: “tudo flui” (do grego: panta réi). Para ele era impossível que a mesma pessoa entrasse no mesmo rio duas vezes. Primeiro porque o rio mudou; depois, porque ela própria havia mudado, e muitas vezes, de várias maneiras. Era porque ele vislumbrava essa realidade inexoravelmente mutável no mundo que afirmava que tudo estava em um eterno “vir-a-ser”, ou seja, em um eterno “devir”.

Quando refletimos sobre isso e pensamos em nós mesmos ou em nossos relacionamentos, somos inevitavelmente levados a ter que afirmar que, assim como o sol nasce todas as manhãs, todos nós mudamos com o tempo. Veja bem, não quero dizer com isso que estou emitindo um juízo de valor sobre nós, ou seja, que nos tornamos melhores ou piores. Estou emitindo um juízo de fato. Nós mudamos. Sobre esse fato não temos como negar ou contestar. O que fazemos de nós é que importa.

Um dia, uma mulher chegou para seu marido, com quem estava casado a quase vinte anos, e disse: “você não é mais a pessoa com quem eu me casei”. E sabem de uma coisa, ela estava certa! Mas ela esqueceu de algo muito importante, ela também já não era mais a mesma pessoa. Isso me faz lembrar de uma poesia de Antônio Machado que diz: “Caminhante, não há caminho… O caminho é feito ao andar”. Ninguém é a mesma pessoa depois de uma experiência traumática, depois de encontrar um grande amor ou de ser tocado pela leitura de um livro extraordinário. Ninguém é o mesmo quando a imaturidade se revela destruidora e incapaz de responder às demandas da vida ou quando a maturidade se instala. Aliás, será que com o tempo, mesmo a maturidade não muda? Neste mesmo sentido, podemos afirmar que não temos uma identidade durável, firme e estável. Formamos nossa identidade ao caminhar, e esse projeto nunca se encerra, jamais termina – somente quando morremos. Nunca poderemos finalmente dizer: “esse sou eu”, tanto quanto nunca poderemos apontar para qual fotografia, registrada no transcorrer de toda a sua vida, resume quem você é em sua totalidade.

Mas, se somos, assim, fluidos ou líquidos, e escorremos nas mãos do tempo que procura nos agarrar, para que lado caminharemos? Isso dependerá de nossa liberdade e de nossas escolhas. Sempre podemos escolher o caminho mal e desastroso. Mas também, se preferirmos, podemos seguir o caminho da virtude, do bem, da justiça e dos valores. O que, acredito, nunca deveríamos retirar de nossa mente, são as belas palavras de Eleanor Powell, quando afirma: “O que nós somos é o presente de Deus a nós; o que nos tornamos é nosso presente à Deus”.

Não tema quem você é, ou como você chegou a ser quem é agora. Você pode não acreditar, mas Deus sempre esteve no controle. Mesmo quando você fazia as coisas mais absurdas que jamais pensaria fazer, Deus estava trabalhando em você. Mas agora ele deseja que você tome as rédeas de sua existência e termine o trabalho. O passado já passou; enterre-o. Talvez você não se orgulhe muito dele. Mas, apesar do embaraço ou da vergonha que o acompanha interiormente, permita que seu futuro seja melhor para você e para aqueles que te cercam e te amam. Entenda que com a maturidade recebemos de Deus a possibilidade de escolher o caminho que queremos seguir. Admita os erros e siga para o caminho certo. “Escolhei a vida”, disse Ele ao seu servo no passado. Lembre-se que nada poderá separá-lo do amor de Deus que está em Cristo Jesus e, portanto, você já é mais do que vencedor, por meio daquele que te amou primeiro.

Que em seu futuro, o sol brilhe sempre sobre o caminho que você trilhar; a brisa suave sopre sempre às suas costas, te mostrando a direção que você deve tomar, e o amor da sua vida siga sempre ao seu lado, na mesma direção.

Acerca do “viés ideológico” no discurso do governo Bolsonaro

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Reverendo Padre Jorge Aquino.

Passado o período eleitoral em nosso país e esfriado os ânimos das partes mais exaltadas, creio que seria o momento adequado para fazer algumas considerações acerca de um problema que entendo ser recorrente no discurso do governo Bolsonaro.

Pelo que vislumbro nas entrevistas feitas, tanto com o presidente eleito quanto com seus auxiliares mais próximos, parece que existe uma utilização pouco adequada do termo “ideologia”.

Lembro de meus dias de ensino médio na antiga ETFERN e de como o Grêmio Acadêmico estava sempre ligado a um dos partidos de esquerda de nosso país. Esta mesma realidade também verifiquei quando fui aluno da graduação em filosofia na UFRN e no mestrado em filosofia na UFPB. Em outras palavras, a presença de representantes políticos partidários é uma realidade em nossas instituições de ensino. Particularmente não entendo que essa realidade seja saudável vez que instrumentaliza um órgão dos alunos aos interesses de um partido.

Em que pese essa realidade, contra a qual sempre fui crítico, parece-me que o novo governo abusa de nossa consciência em seu discurso de retirar das escolas e da administração pública qualquer “viés ideológico”. A forma como esse desejo é expresso nas entrevistas de pessoas de todos os escalões do governo Bolsonaro e como se usa essa expressão, chega a ser rasteira e extremamente superficial.

Afinal o que é uma “ideologia”? Ora, considerando que a história somente avança por meio do conflito de posturas e de teses, e ciente de que a classe dominante sempre foi muito competente para se manter no poder, precisamos saber quais são os meios que ela utiliza para que possa se manter sempre no poder. É aqui que surge a importância de conhecermos o significado da palavra “ideologia”. A ideologia é um conjunto de ideias crenças e doutrinas, ou melhor, um “conjunto de ideias que explicam” o mundo como ele é; é uma forma de ver o mundo e de olhar para ele, é um sistema de ideias normalmente ligado a um grupo e que legitima certas práticas e situações. Uma ideologia, segundo Edgar Morin, “é um instrumento que mascara interesses particulares sob ideias universais” (MORIN, 1996, p. 29).

Quando retroagimos até o final do século XIX, verificamos que aquele momento histórico testemunhou a luta titânica entre duas teses universalistas que procuravam, não apenas explicar o mundo como ele era, mas prever como seria o futuro. Estas duas ideologias eram o liberalismo e o socialismo. Com o passar do tempo surgem ideologias intermediárias como o neo-liberalismo ou a social-democracia.

É claro que neste breve texto não pretendo me aprofundar sobre essas várias escolas de pensamento. No entanto, o que podemos dizer é que, enquanto a ideologia liberal – à direita – pregava um Estado mínimo e uma economia entregue à mão invisível do mercado, o socialismo – à esquerda – advogava um Estado mais intervencionista e que tivesse um papel mais presente na distribuição da renda.

O que lamento sobre as falas do novo governo em procurar pregar uma nova forma de administração pública sem “viés ideológico” é que, como se pode perceber, não podemos olhar o mundo ou viver nele sem que o observemos a partir de um lugar não-ideológico. Não existe ninguém que não tenha ideologia. Portanto, a pretensa luta para combater o “viés ideológico” nas escolas ou na administração pública é, na realidade, a luta para retirar uma ideologia (o socialismo) e impor outra (o liberalismo). Esta tese que afirma a possibilidade de vivermos sem ideologia é um absurdo que somente satisfaz quem desconhece o assunto. Não se pode viver sem pré-conceitos, sem pré-noções, sem verdades absolutas ou meta-narrativas que nos são impostas pela nossa criação, educação, sociedade, religião, etc. Viver em sociedade é viver em um eterno conflito ideológico.

Essa tentativa de pregar a existência de um mundo a-ideológico é, para dizer pouco, uma forma de procurar enganar as pessoas. Sejamos honestos. Simples assim. Se o governo Bolsonaro não se afina com o socialismo, que seja honesto o bastante para admitir que seu desejo é retirar o “viés ideológico socialista” das escolas e da administração pública. Não podemos aceitar a utilização desse discurso simplista que, na verdade, desconsidera a complexidade do tema e que somente satisfaz os incautos. É importante que nos informemos mais. Contudo, mais importante ainda, é que conheçamos melhor os grandes temas de nossa sociedade.

 

Referência Bibliográfica:

MORIN, E. O problema epistemológico da complexidade. Lisboa: Publicações Europa-América, 1996

Por que procurar um Padre Anglicano para seu matrimônio?

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Reverendo Padre Jorge Aquino.

Uma das escolhas mais importantes que os noivos devem fazer para a celebração de seu casamento tem a ver, justamente, com aquela pessoa que irá presidir a cerimônia. Geralmente os noivos utilizam dois tipos de critérios. O primeiro deles é o critério subjetivo. Ele é usado quando existe algum tipo de relação pessoal entre o padre e os noivos. É muito comum, ou bem que o padre seja parente de um dos noivos ou bem que ele seja o padre da família a muitos anos. Isso ocorre quando foi ele que fez o casamento da mãe ou que batizou o bebê que agora cresceu e deseja casar.

No entanto, às vezes existem alguns impedimentos que fazem com que esse padre não possa presidir sua cerimônia. Neste caso você recorrerá a um outro sacerdote para realizar o enlace matrimonial. Para tanto, sugiro que você use alguns critérios objetivos:

primeiro critério deve ser a formação do sacerdote. Ele fez teologia ou não? Há Ministros em algumas igrejas por aí que não são bacharéis em teologia, fizeram apenas um curso médio ou técnico, mas não são bacharéis. Ele fez teologia em Seminário interno ou fez apenas aulas à distância? Ele tem alguma pós-graduação? Algum mestrado? Por que isso é importante? Porque se você pode ter o melhor, porque teria apenas alguém “bonzinho” ou que “dê para o gasto”? Afinal, se você precisasse de um bom advogado você contrataria qual? Um com especialização e mestrado na área ou um neófito que acabou de passar no exame da Ordem? Particularmente, sou bacharel em teologia em um seminário feito em regime de internato, especialista em teologia, licenciado em Filosofia pela UFRN, especialista em Direito Civil e Mestre em Teologia e em Filosofia pela UFPB.

segundo critério que você precisa levar em conta é a experiência naquilo que se pretende que ele faça. Usando este critério eu pergunto: quem você chamaria para fazer uma cirurgia no coração de sua mãe? Um médico com mais de vinte anos de experiência no assunto ou um recém formado da faculdade? Da mesma forma, se você tem a sua disposição um sacerdote que celebra Matrimônios desde 1991, porque chamaria um que tem apenas 5 anos? Neste momento, falar com postura, conhecendo bem a língua, expressando-se bem e com segurança é fundamental. É triste ver um padre gaguejando ou que não pronuncie corretamente a língua portuguesa.

terceiro critério é a competência. Hoje em dia você consegue saber praticamente tudo sobre qualquer pessoa. Cheque a internet. Veja se ele tem Facebook, Blog ou Instagran. Leia o que ele escreve, com cuidado. Examine suas ideias e verifique se ele tem algum conteúdo. Veja bem. Há padres que não produzem nada na esfera intelectual, pastoral ou acadêmica. Eles apenas recortam e colam, e não passam de fazer citações banais e pueris afirmando a mesmice e o que todos já sabem. O famoso “óbvio ululante”. Sugiro que leia com cuidado meu Blog e veja as informações contidas nele. Além do mais sou autor de livros como:  Pequeno vocabulário AnglicanoAnglicanismo: uma introdução, Sociologia Jurídica, Hermenêutica Jurídica, co-autor em Novas tendências no direito constitucional (em homenagem ao Dr. Paulo Lopo Saraiva) e Ensaios pós-metafísicos, além de autor do verbete “Anglicanismo”, no Dicionário Brasileiro de Teologia, publicado pela ASTE; isso sem falar nas dezenas de artigos acadêmicos escritos em revistas jurídicas e teológicas, publicadas no Brasil e na Inglaterra.

quarto critério é a relação conjugal. O padre que vai fazer seu casamento é um padre casado e feliz? Ele tem o poio de sua esposa? O relacionamento dos dois é satisfatório? Entre os Anglicanos, não apenas aceitamos que os padres se casem como, eventualmente, que se divorciem. Nesse caso, o padre que vai fazer sua cerimônia está pessoalmente resolvido sobre seu divórcio? Ele reconstruiu sua vida? Está feliz?

quinto critério tem a ver com o pecado cometido por aqueles que são chamados por são Paulo de pessoas que vivem “andando em astúcia” e “mercadejando com a palavra de Deus” (II Coríntios 4: 2). Todos sabemos que alguns padres da cidade têm uma taxa fixa que pedem para celebrar casamentos. Mas quando um padre pergunta: “Quanto ele pediu? Eu faço pela metade”, então, meu amigo, está óbvio que você não está tratando com um padre, mas com um comerciante e um mercenário. Neste caso, o barato pode sair caro.

Eu apresentei apenas estes critérios, mas poderia apresentar outros mais. Creio, contudo que estes já são suficientes para fazer você pensar em que tipo de pessoa você quer para presidir a cerimônia que realizará os sonhos que o casal sonhou junto por tanto tempo. Que Deus lhe dê lucidez nessa escolha.

Saiba que muita gente me procura para celebrar matrimônios. Mas boa parte delas o fazem por indicação de amigos ou porque já assistiram uma de minhas celebrações e gostaram. No entanto, para encerrar, gostaria de dar mais algumas boas razões para que você me procure para celebrar seu casamento:

  1. Porque como anglicano posso fazer sua cerimônia fora da Igreja. Portanto, além de baratear os custos, você casará em um ambiente muito mais natural que tanto pode ser uma recepção, uma praia ou uma fazenda, sem precisar fazer duas decorações nem exigir o deslocamento dos convidados.
  2. Porque como anglicano posso celebrar o matrimônio de pessoas que são divorciadas. Em outras palavras, os anglicanos não têm dificuldades com o novo casamento.
  3. Porque mesmo sendo divorciado você terá acesso, caso deseje, à Comunhão Eucarística durante a cerimônia. Um juiz de paz não pode fazer isso porque não é ministro religioso, apenas um funcionário do cartório.
  4. Porque como anglicano posso fazer casamentos ecumênicos, ou seja, de pessoas de religiões diferentes, sem exigir que ninguém mude de religião.
  5. Porque como anglicano posso fazer casamentos Religiosos com Efeito Civil, ou seja, no momento do casamento assumo também o papel de Juiz de Paz. Desta forma você tem assegurado um casamento feito por um religioso com implicações na esfera jurídica.
  6. Porque se você casar apenas com um juiz de paz seu casamento só será reconhecido civilmente e não religiosamente. Da mesma forma, para um mero “Celebrante leigo” – sem reconhecimento de uma religião instituída e com CNPJ -, de nada adiantará “se fazer passar por um padre ou pastor” fazendo orações, trocando as alianças ou distribuindo bênçãos. Ele nunca poderá te dar uma certidão de casamento religioso, oficiar uma cerimônia válida e muito menos dar a Sagrada Eucaristia aos noivos.
  7. Porque no casamento anglicano você terá a liberdade de formatar toda a cerimônia pessoalmente comigo. Ou seja, você tanto poderá fazer uma cerimônia conservadora como poderá fazer uma cerimônia mais descontraída, inclusive retirando elementos que são desnecessários.
  8. Porque o casamento anglicano é reconhecido em todas as igrejas cristãs (inclusive a igreja Romana, Evangélica e Ortodoxa), quando feito sem impedimentos dirimentes.
  9. Porque para a realização do matrimônio, só exigimos que um dos cônjuges seja batizado.

Por tudo isso, se você deseja casar e quer que aquele momento seja único na sua vida, pode nos procurar, pois estaremos à sua inteira disposição. Nossos contatos são: email: pe.jorge.monicab@gmail.com e Instagran: @padrejorgeaquino_

 

Acerca dos “Padres casamenteiros”

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Reverendo Padre Jorge Aquino.

Muitas vezes, em diversos lugares, ouvimos a expressão “Padres casamenteiros”. Algumas vezes, essa expressão é utilizada apenas como uma designação de ministros que se dedicam, mais do que os demais, à prática do rito sacramental do Matrimônio. No entanto, boa parte das vezes, ouvimos essa expressão como se ela se referisse a algo errado, ruim ou mesmo pecaminoso. Pensando nisso gostaria de fazer algumas considerações acerca do tema.

Em primeiro lugar, eu diria que no sacerdócio – como de resto em qualquer função – existe a atividade “fim” e a atividade “meio”. Como sacerdotes, nossa atividade fim é sermos “servos dos servos de Deus”, despenseiros das verdades de Deus e ministros da Palavra e dos Sacramentos, conforme a vontade de Deus. Assim, nossa atividade “fim” não é celebrar matrimônios e sim, pregar a Palavra de Deus e ministrar os Sacramentos. É claro que cada ministro possui sua “vocação” bem definida. Para uns é o serviço; para outros o ensino; outros ainda se dedicam à oração. Mas somos sacerdotes, por isso celebramos a eucaristia e atendemos o povo de Deus. Presidimos matrimônios não como “meio de vida”, como tanta gente faz, mas como consequência de nosso “ministério” pastoral. Quem precisa celebrar casamentos para viver, acabará entrando em um “negócio” e, muitas vezes, fará de tudo para “queimar” seu concorrente. E muitos fazem isso muito bem, principalmente usando grupos de whatsapp.

Em segundo lugar, é preciso que se diga que, um padre não é um “fornecedor” do casamento – ao lado de tantos outros – nem mesmo um mero “contratado”. É claro que para que haja segurança jurídica para ambas as partes, é conveniente que exista um contrato com os elementos mínimos que envolvem a celebração. Mas um padre não “vende” seu serviço como se fosse um dos demais fornecedores. Ele vai ministrar uma bênção e, para tanto, recebe seu pagamento na condição de espórtulas ou ofertas e donativos. Em minha cidade todos sabem que, em quase trinta anos, jamais pedi uma taxa que fosse superior a um salário mínimo. Essa é a razão pela qual você jamais verá um padre sério alugando um espaço em uma “feira de noivas” para oferecer um “bem” ou “serviço” ou abrindo uma “rodada de descontos promocionais” – ou Black Friday -, como se estivesse em um mercado vendendo ou comercializando uma mercadoria ou um produto. Ele não oferece um “serviço” remunerado no mesmo sentido em que os demais profissionais oferecem. Quem assim age, se aproxima dos que cometem o pecado de simonia e “mercadejam a palavra de Deus” (II Coríntios 4: 2). É certo que costumo receber um salário mínimo para a celebração matrimonial, mas também é certo que já fiz vários casamentos por outros valores e até gratuitos, em razão da condição dos noivos.

Em terceiro lugar, não resta dúvida de que existem sacerdotes que são mais procurados para celebrar matrimônios do que outros. Isso é um fato. Essa procura se fundamenta, contudo, em circunstâncias supervenientes e não na apresentação de ministério exclusivamente voltado para a celebração de matrimônios. Muitos casais me procuram 1) porque não querem um padre que não sabe falar corretamente nossa língua; 2) outros, porque não querem uma cerimônia enfadonha, chata e extremamente grande; 3) outros porque sabem que eu não vou dar aula de religião ou lições de moral na cerimônia, mas falar do amor dos noivos; 4) outros ainda porque querem um casamento bilingue (inglês, espanhol ou italiano); 5) outros porque querem um casamento ecumênico; 6) alguns porque desejam casar em um local proibido pela Igreja Romana; 7) outros porque pretendem casar com alguém que já vem de uma relação anterior e, em razão disso, são proibidos (por sua igreja) de se casarem novamente; 8) por fim, outros, simplesmente porque pretendem casar com alguém que é casado e que, por isso, sabe – na prática – o que é ser casado, quais seus desafios, e que é feliz em seu casamento. Mas não existe – ou pelo menos não deveria existir – um ministro que apenas realize matrimônios e que faça dessa prática uma profissão.

Em quarto lugar, a atuação do Ministro religioso deve estar pautada pelo aspecto pastoral. Isso significa que, se você precisa de um sacerdote, ele deverá estar presente para ajudar, guiar ou proporcionar as orientações que forem necessárias. Mesmo que o sacerdote tenha uma notória vocação para tratar com casais, ele deverá levar em consideração que seu tratamento deverá ser pautado pela ética sacerdotal e buscando, sempre, o bem daqueles que o procura. Isso, obviamente, significa que seu tempo e seu cuidado pastoral são imprescindíveis. Um “padre” que só olha para você no dia no seu casamento é – em condições normais -, no mínimo, estranho. É claro que existem casais que ou bem porque moram em outros lugares, ou bem porque não querem, preferem não buscar as orientações necessárias para o matrimônio. Mas essa é uma escolha pessoal e ninguém poderá impor sobre o outro uma exigência que ultrapasse aspectos geográficos ou convicções pessoais. Não se aconselha quem não pode ou não quer ser aconselhado. Geralmente essas pessoas só procuram o padre para satisfazer uma exigência social. Terminada a cerimônia – que para eles não tem importância alguma -, eles passam para o que realmente importante: a festa; e o padre é simplesmente esquecido. Essa é a norma para os casais que querem apenas dar uma “satisfação” religiosa para a família.

Cabe ao sacerdote identificar com que tipo de casal você está lidando e, procurar aproveitar pelo menos a oportunidade da cerimônia, para falar aos presentes sobre o amor de Deus por todos e de como o mundo seria melhor se as pessoas que se amam cumprissem os compromissos assumidos. Quanto ao mais, devemos ser apenas um instrumento e deixar que o Espírito Santo faça sua obra por intermédio dos seus ungidos.

A importância do suporte emocional

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Rev. Padre Jorge Aquino.

Um dos grandes motivos que aumentam as dificuldades e as crises entre os casais é que eles desconsideram os suportes emocionais que existem e que poderiam ser usados para fortalecer a relação. Mas o que são esses suportes emocionais?

Em 2013 o cinema lançou um filme chamado Gravidade, com Sandra Bullock. Neste filme ela faz o papel de uma astronauta que tem seu cabo de ligação com a sua nave cortado e, de repente, ela se encontra só e com o oxigênio limitado.

Da mesma forma, casais precisam ter a sabedoria para utilizar os suportes emocionais que têm, para se manterem ligados. São estes suportes que nos mantêm unidos sem, contudo, nos aprisionar.

Quando valorizamos estes suportes emocionais, não importa o que estamos fazendo ou sentindo. Estamos sempre ligados e próximos da pessoa amada. Se estamos em locais diferentes, não importa, estamos próximos; se estamos ocupados em atividades diferentes, não interessa, estamos conectados. Os autores Patricia Love e Steven Stosny sugerem que para que os casais se lembrem sempre desta conexão, eles exercitem a prática de escrever pequenos bilhetes e entregue ao seu amor, para que ele se lembre sempre de você quando os lerem. Eles sugerem frases do tipo: Minha vida tem mais significado por sua causa, Temos uma história preciosa juntos ou, Quando estou com problemas é você que me conforta.

O fato é que, dizem Patricia Love e Steven Stosny: “se você se imaginar constantemente conectado por um cordão invisível, todo o seu comportamento emocional com o parceiro mudará para melhor”. Estes pequenos detalhes podem fazer toda a diferença em uma relação. Invista, portanto, nos suportes emocionais que vocês dispõem.

O AMOR E AS PALAVRAS

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Reverendo Padre Jorge Aquino.

Meus queridos. Muitas e muitas vezes eu ouvi reclamações de esposas dizendo a mesma coisa: “Ele nunca diz que me ama!”. Eu entendo que dizer essa frase é absolutamente fundamental para que sua esposa se sinta amada. Por isso, meu caro marido, nunca esqueça de dizer essa frase nem que seja apenas no momento em que vocês acordam e ficam aquele tempinho juntos, antes de se levantar da cama.

Mas uma coisa todos nós precisamos entender. E essa lição nos foi dada pelo escritor e roteirista americano Nicholas Sparks, quando diz: “acabei entendendo que amar é mais do que resmungar três palavrinhas antes de dormir. O amor é sustentado por ações, pela constante dedicação às coisas que um faz pelo outro diariamente”. Por isso, a pronuncia daquelas três palavrinhas “Eu amo você”, não devem ser apontadas como o centro da vida conjugal ou como a prova maior de que se ama alguém. O amor somente se sustenta por meio de gestos concretos, diários, verdadeiramente dedicados e direcionados ao que realmente importa ao seu cônjuge. Por isso, se for preciso, cozinhe para ela; traga uma caixa de chocolate mesmo quando não for aniversário; leve-a para jantar ou, simplesmente, passem o domingo juntos na cama assistindo filmes e comendo aquela pizza que pediram pelo telefone.

Sobre essa verdade, a própria Bíblia já dizia: “Filhinhos, não amemos de palavra nem de boca, mas em ação e em verdade” (I João 3: 18). O amor que é apenas verbalizado e jamais praticado não é amor, é ilusão, codilho e engano. Quem realmente ama não se satisfaz em apenas pronunciar esse sentimento. Ele deseja que essa seja a verdade mais sólida no coração da pessoa amada, por isso, faz o que for preciso para solidificar e fortalecer esse amor.