Família…

Amor em família

Uma família feliz é um refúgio que prevalece de pé, mesmo quando as maiores tempestades passam pelas nossas vidas. Por isso,  lembrem-se sempre que se a casa é uma construção de cimento e tijolos. Mas o lar, é uma construção erguida sobre valores e princípios.

 

 

 

Padre Jorge Aquino no casamento de Remco e Eunice

As vezes, quando não se sabe dizer ou o que dizer, basta um olhar. Foi assim que a brasileira Eunice e o holandes Remco iniciaram uma linda história de amor. O que dizer desse casal que sempre demonstrou tanta amabilidade e afeto? Ela sempre muito gentil e ele sempre com um largo sorriso nos lábios. Ontem a noite, no Chaplin Recepções, esse casal teve a oportunidade de dizer “sim” um para o outro diante dos amigos, da família e diante de Deus. Essas coisas acontecem quando o coração é inundado pela força do amor e faz com que todas as barreiras, mesmo a da língua, sejam derribadas porque, afinal, a única coisa que precisamos dizer é, simplesmente: amo você. Em tempo, um registro especial ao lindo trabalho de Tatiana Guedes, ao brilhante cerimonialista Makus Guedes, à música de excelência do Harmoniun e ao trabalho da Offfce Iluminações, todos, parceiros de extremo bom gosto e de insuperável competência.

Padre Jorge Aquino no casamento de Ângilo e Jacqueline

Ontem à tarde, na Reta Tabajara, tive a satisfação de realizar o enlace matrimonial do advogado Âgilo Coelho com a administradora Jacqueline oliveira. O ambiente era o de uma fazenda no interior, com toda a sua simplicidade e hospitalidade. A este casal, desejo toda felicidade do mundo. E que descubram juntos que a melhor forma de começar e de terminar cada dia, é expressando o amor.

A QUESTÃO DO CETICISMO

Ceticismo

Revdo. Pe Jorge Aquino

Eu estou certo que se você perguntar a qualquer pessoa quanto é um mais um, ele dirá dois. Também acredito que a maioria dos seres humanos são capazes de afirmar que existem animais quadrúpedes em nosso planeta e que eles conseguem distinguir as cores vermelha, verde e amarela em um sinal de trânsito. Mas o grande problema para a filosofia não é, exatamente, se as pessoas podem ou não conhecer os objetos que estão ao seu redor. Como afirmam Geisler e Feinberg, o grande problema da filosofia não é aquilo que cremos, ela está preocupada em “como justificar tal crença. A questão não é aquilo que cremos, mas sim, em que podemos crer com justificativa” (GEISLER & FEINBERG, 1983, p. 67).

Se a filosofia é, de alguma forma, a arte ou a ciência que se surpreende com aquilo que nos cerca, então é correto dizer que estudar o conhecimento é estudar o principal e mais importante tema da filosofia. Este tema é conhecido geralmente por “epistemologia”, uma palavra que tem sua raiz na palavra grega “episteme”, que significa, “conhecer”. No entanto, Stephen Law (2008, p.49) nos diz que existem diversos tipos de conhecimento. Para ele existem o “conhecimento por contato (p.ex.: conheço bem Oxford), enquanto habilidade (sei andar de bicicleta) e conhecimento proposicional (sei que águias são aves). Os dois primeiros tipos são interessantes, mas a filosofia volta-se, sobretudo, para o terceiro: o que é conhecer uma proposição”. Mas o que seria uma proposição? São todas aquelas afirmações que fazemos na vida diária e que as damos por certo, tais como: os peixes podem nadar. Mas temos que compreender que essas nossas convicções ou bem são oriundas de nossa experiência ou bem são o resultado de nossas reflexões. Dentre os mais instigantes pensadores sobre epistemologia estão aqueles que chamamos de céticos. A palavra “cético”, diz Jacqueline Russ (1994, p. 34), vem do grego skeptikos, e diz respeito ao que observa e que reflete. Mais tarde a palavra tomou a conotação daquele que nada pode dizer sobre a verdade. Geralmente podemos classificar o ceticismo em cinco grandes correntes.

O Ceticismo radical ou absoluto. Geralmente os céticos radicais ou absolutos são categorizados em dois grupos: há os que defendem que não possuímos nenhum tipo de conhecimento e os que só aceitam os conhecimentos advindos da experiência imediata, sendo a matemática e a lógica, duas exceções. Em geral os céticos negavam qualquer conhecimento metafísico ou místico, centrando-se nas palavras de Sócrates: “só sei que nada sei”. O principal cético deste primeiro tipo foi Sexto Empírico. Este autor que viveu entre o II e o III século dC era provavelmente um grego, mas nada sabemos sobre onde nasceu, ensinou ou onde morreu. O que sabemos é que ele praticava a medicina e que era um Cético vigoroso. Seu Ceticismo possuía três estágios: a ataraxia, que apresentava uma série de alegações contraditórias sobre o mesmo assunto. Tais alegações eram feitas para demonstrar que uma afirmação poderia ser contradita. Geisler e Feinberg (1983, p. 69) nos dão o exemplo da torre: “uma torre vista à distância é quadrada. Mas a mesma torre vista de perto é redonda”. Ora se ela é quadrada e redonda ao mesmo tempo, temos duas afirmações opostas acerca do mesmo objeto.

O segundo estágio do Ceticismo de Sexto Empírico era chamado de epochê, no qual ele suspendia qualquer espécie de julgamento. Ao invés de afirmar ou negar qualquer coisa sobre o objeto, devemos alegar que todas as afirmações sobre o assunto são inconsistentes e suspender o julgamento sobre o tema.

Finalmente, chegamos à terceira fase do pensamento de Sexto Empírico que é chamado de ataraxia. Neste estágio a pessoa encontraria um estado de imperturbabilidade, de felicidade e de paz de espírito. Mas isso só poderia ocorrer se o sujeito conseguir abrir mão de toda espécie de dogmatismo para seguir às inclinações naturais e as leis da sociedade. Como se vê, o Ceticismo não seria apenas uma postura epistemológica, mas “prometia uma consequência prática – a felicidade e a paz de espírito nas atividades diárias” (GEISLER & FEINBERG, 1983, p. 69).

Além de Sexto Empírico um outro Cético famoso foi David Hume (1711-1776). Como vivia em um contexto muito mais otimista, Hume, embora negasse qualquer possibilidade de conhecimento empírico do tipo “o Sol vai surgir amanhã”, dizendo ser isso apenas uma probabilidade fundada em nosso hábito, e não uma realidade necessária, o que o levava a reduzir toda espécie de raciocínio indutivo à uma generalização desnecessária, ele concedia padrões probabilistas para crenças que transcendem as experiências imediatas.

O Ceticismo mitigado. Este tipo de Ceticismo, embora negasse as alegações empíricas, admitiam alguns tipos limitados de conhecimento. O mais conhecido filósofo deste grupo é Emanuel Kant (1724-1804). Como ele mesmo afirma, foi despertado de seu “sono dogmático” após as leituras que fez de Hume e seus opositores. Ele concordou que a argumentação de Hume contra o conhecimento metafísico era forte, mas ele compreendeu que era preciso se utilizar da “fisiologia do entendimento” de Locke, para se chegar a um meio-termo. Conforme asseveram Geisler e Feinberg (1983, p. 71), Kant “Combinou um ceticismo absoluto acerca do conhecimento metafísico, com um otimismo de que o conhecimento universal, necessário (a priori) acerca das condições da experiência realmente existe. A crença de Kant tinha relacionamento com aquilo que chamou de ‘revolução copernicana’ na filosofia. Assim como Copérnico (1473-1543) tinha transformado o ponto de vista cosmológico do homem (demonstrou que o sol, e não a terra, é o centro do sistema solar), assim também Kant transformou o ponto de vista epistemológico do homem. Kant afirmou que o conhecedor não se conforma ao objeto conhecido – o que se pensava anteriormente (Locke e seus seguidores criam que o objeto estava ‘lá’ e o observador meramente reagia às suas qualidades objetivas). Pelo contrário, disse Kant, o objeto conhecido conforma-se ao conhecedor. Postulou-se que, para alguma coisa ser um objeto possível do conhecimento, tinha de conforma-se com a mente”. Desta forma Kant acreditava que era, sim, possível ter um conhecimento a priori (ou pela razão pura) do mundo que nos cerca examinando as condições de possibilidade de nossa consciência. Como afirma Stephen Law (2008, p. 296) “Ele admitiu que o que conhecemos é determinado pela natureza do nosso aparelho sensorial e cognitivo. Em outras palavras, embora se inicie com a experiência, o conhecimento requer ordenação pela mente humana”. Mas que estrutura é essa? Kant percebeu que toda experiência que temos do mundo que nos cerca é espaço-temporal. Ou seja, ele estabeleceu o espaço e o tempo como condições a priori de nossas experiências sensoriais e, desta forma, como estruturas necessárias que impomos à experiência. O passo seguinte foi procurar isolar categorias gerais do pensamento que nos permitem organizar as informações que obtemos pelos sentidos. Essas categorias são: substância (uma vez que as coisas são feitas de substância material) e causa e efeito (já que os eventos se relacionam condicionalmente). Deste modo, diz Stephen Law (2008, p. 296, 297) “Kant supera o ceticismo de Hume, mostrando que podemos adquirir conhecimento do mundo tal como aparece para nós”. Mas isso significa que estamos presos às aparências e não ao mundo real (que Kant chama de noumena), acerca do qual nada se pode dizer com precisão.

O Ceticismo limitado. Neste tipo de ceticismo, alguns tipos de alegações de conhecimento, como os metafísicos e teológicos. Nisso ele se parece com o ceticismo mitigado. A obra mais famosa que defende essa tese que se tornou dominante na década de 1930 foi Language, Truth and Logic, da lavra de A.J. Ayer (1910-1970). Ligado ao Positivismo Lógico, a metafísica seria totalmente eliminada por meio da análise linguística. Para um positivista a grande questão é como discernir qual é a declaração genuína da realidade da que não é. Para se resolver esse problema os positivistas usam o chamado “princípio da verificação”. Explicando esse princípio, Geisler e Feinberg (1983, p. 72) assim se expressam: “o âmago do princípio da verificação é este: Qualquer declaração para a qual não podemos declarar as condições que contariam em prol de sua verdade ou contra ela, não é uma declaração acerca da realidade e, portanto, não pode ser conhecimento”. A metafísica, por exemplo, não é apenas falsa, para Ayer, ela não faz sentido algum.

O Ceticismo metodológico. Este tipo de ceticismo também é chamado de Cartesiano por estar ligado à figura do filósofo francês René Descartes (1596-1650). Durante o século XVII o ceticismo trilhou caminhos bem diferentes daquele mais tradicional. Para ele “Deve-se duvidar de tudo para se poder chegar a algum princípio de que é impossível duvidar” (GILES, 1993, p. 19). Em Descartes o ceticismo não dizia respeito à conclusão de um argumento, mas a um método por meio do qual todas as dúvidas poderiam ser vencidas. Ele afirmou em seu texto Discurso do Método, ser possível chegar a atingir toda e qualquer verdade, de forma clara e distinta, por meio do método que criara. A ferramenta utilizada para fazer com que pudéssemos chegar até à verdade certa e indubitável foi a dúvida metódica, ou seja, o ceticismo. Ele pretendia aplicar sua dúvida a todos os objetos e crenças para demonstrar que tudo não passava de sonhos. Voltando-se para fora ele percebeu que tudo poderia ser questionado. Mas voltando-se para si, ele viu que até poderia duvidar que tinha um corpo com braços e pernas, ou seja, ele até poderia estar sendo enganado por sua percepção ou mesmo por um demônio, mas o que não poderia jamais duvidar é que ele estava duvidando. E se pensava, forçosamente, existia. Por isso afirmou: “Penso, logo, existo” (cogito, ergo sum). Por meio da utilização do seu método, o homem, finalmente poderia chegar a conhecer de forma clara e distinta todas as verdades.

O Irracionalismo. A última forma de ceticismo que poderíamos citar também é chamada de irracionalismo. Este movimento filosófico está associado à figura de Albert Camus, que por seu turno, se fundamentou tanto no existencialismo fideísta de Kierkegaard, quanto no existencialista niilista de Nietzsche. Enquanto Camus aceita o ceticismo fideísta de Kierkegaard e rejeita toda forma racionalista de explicar o mundo e Deus, ele também rejeita o “pulo para dentro da fé” e se junta à Nietzsche na crença da morte de Deus e, portanto, na condição humana de um povo que vive em busca de sentido e significado em um mundo essencialmente absurdo.

Uma crítica. Uma crítica que se pode fazer ao ceticismo nos vem da pena de Santo Agostinho, que era um cético antes de tornar-se cristão. Para ele o ceticismo é inconsistente. E ele usa dois argumentos para demonstrar isso. Primeiro ele diz que a afirmação do cético de que não se pode saber coisa alguma é, em si mesmo, uma alegação sobre o conhecimento. Se sua alegação for falsa, então não temos com que nos preocupar. Mas, se for verdadeira, então ela será contraditória em si mesma, já que, como ele mesmo diz, não podemos saber coisa alguma.

A segunda crítica feita por Agostinho supõe que o cético retruque, dizendo que não estamos entendendo adequadamente quando diz que não podemos saber coisa alguma, como quem fala de saber se algo é verdadeiro ou falso. Se assim for, diz Agostinho, sua argumentação é igualmente inconsistente. Pois sua alegação, sendo ainda sobre o conhecimento, nos leva a acreditar que para todas as afirmações, jamais poderemos saber se elas são falsas ou verdadeiras. Logo, o que ele afirma é igualmente inconsistente, já que não sabemos se é verdadeiro.

Ademais, John Pollock demonstra que o ceticismo contraria o Bom-Senso. Imagine o seguinte argumento:

 

Premissa 1: Sinto água caindo na minha cabeça.

Premissa 2: Meus amigos dizem que está chovendo.

Premissa 3: O jornal de hoje diz que choveu.

Premissa 4: O noticiário da TV diz que está chovendo.

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Conclusão: Está chovendo hoje.

 

Ora, a alegação do cético é que todas as premissas são verídicas mas que a conclusão é falsa. Para Pollock a argumentação cética deveria ser, no mínimo, considerada uma reductio ad absurdum, pois parte da tese de que se a conclusão está errada enquanto as premissas estão certas, não está havendo bom-senso no pensamento.

Particularmente, como cristão, me inclino para o tipo de ceticismo defendido por Kierkegaard que, no fundo, foi uma revolta contra toda a tentativa de sistematizar a vida, a história e o próprio Deus. Somente a fé, ou como Kierkegaard chama, o “salto da fé” pode nos libertar das amarras do racionalismo que, na minha opinião, é pior que o ceticismo, porque é arrogante.

 

Referência Bibliográfica:

GEISLER, Norman L. & FEINBERG, Paul D. Introdução à filosofia: uma perspectiva cristã. São Paulo: Vida Nova, 1983

GILES, Thomas R. Dicionário de filosofia. São Paulo: EPU, 1993

GRAY, John. Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 1998

RUSS, Jacqueline. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Scipione, 1994

Sermão do 4º Domingo depois da Epifania

jorge

(Jeremias 1: 4-10; I Coríntios 13: 1-13; Lucas 4: 21-30)

TEMA: Igreja: Comunidade do amor (I Coríntios 13: 1-13).

Introdução: Durante um período que antecedeu à Segunda Guerra Mundial, todos os judeus alemães tinham que usar, costurada em suas roupas, a estrela de Davi. Aquele era o sinal de que estávamos diante de um Judeu. Mais tarde ficaria mais fácil identifica-los e prendê-los. Certa vez nosso Senhor Jesus Cristo, conversando com seus discípulos disse: “nisso conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros” (Jo 13: 35).

Elucidação: A igreja de Corinto estava completamente equivocada no dizia respeito às coisas mais importantes no Reino de Deus. Para eles, que ainda eram extremamente infantis em sua fé, o mais importante era exercitar os dons espirituais. E quanto mais espetacular fosse o dom, mais ele revelaria a espiritualidade de quem o possuía. No entanto, Paulo escreve esse capítulo para revelar que o caminho da prática do amor é muito mais importante para a comunidade do que apenas o exercício dos dons espirituais. Pensando nisso, podemos dizer pelo menos três verdades sobre o amor:

I. ELE É O CAMINHO MAIS EXCELENTE (v. 1-3)

  1. Que o dom de línguas. Por mais que os cristãos em Corinto achassem que esse fosse o principal dos dons, de nada adianta falar em qualquer idioma, mesmo o dos anjos, pois sem amor, isso não passaria de barulho.
  2. Que o dom de profecia. A profecia se refere à revelação e à proclamação da Palavra pelo poder do Espírito Santo para a comunidade, mas nem isso, vale nada se não o fazemos por amor.
  3. Que o conhecimento de todos os mistérios e toda a ciência. No texto original Paulo se refere a tudo o que se pode conhecer, em sua inteireza. Ele fala dos mistérios “mysteria” e da ciência “gnôsis”. Mas logo em seguida diz que, tudo isso, sem amor, nada seria.
  4. Toda fé. Ou seja, ainda que se tenha a capacidade de operar milagres e maravilhas, sem o toque do amor, não tem valor algum. Alguns inclusive, no dia do julgamento vão chegar diante de Jesus dizendo que fizeram milagres em seu nome, mas serão, ignorados e lançados no fogo.
  5. Que todo gesto de caridade. Que surpreendente encontrar alguém capaz de distribuir todos os seus bens com os pobres. Mas se isso for apenas uma forma de barganha para poder entrar no Reino de Deus ou uma forma de “se mostrar” para a sociedade, ela será causa de condenação. A salvação vem da fé, sem as obras, para que ninguém se glorie (Ef 2:9).
  6. Que toda forma de sofrimento. Para Paulo, nem mesmo um gesto de auto flagelo, sem a presença do amor, não tem sentido algum. É preciso amar as pessoas e não “fazer de conta” que se ama.

Aplicação: A primeira grande lição que aprendemos é que o exercício de todos os dons de nada aproveita se eles são exercitados sem a presença do amor. Isso é assim, porque o melhor caminho para a comunidade cristã não se baseia nos dons, mas no amor ao próximo.

II. ELE POSSUI CARATERÍSTICAS SUPERIORES (v. 4-7)

  1. É paciente. Embora muitas traduções da Bíblia traduzam a palavra grega “makrothymei” por “sofredor”, a melhor tradução é “paciente”. O termo, não está apontando para nossa reações frente à algo metafísico ou etéreo, mas a ações concretas e reais realizadas por pessoas igualmente concretas e reais. Como o termo está no presente do indicativo ativo “descreve a ação da pessoa em segurar seus sentimentos durante muito tempo, até que passe à ação ou paixão”.
  2. É benigno. Esta palavra grega, “kresteyetai” é normalmente traduzida como “portar-se como homem de bem”, ou “ser bondoso” ou “prestativo”. Diferente de “makrothymei”, que estava no presente do indicativo ativo, apontando para uma ação que se voltava para o “outro”, “kresteyomai” está no presente médio, indicando que estamos tratando de uma característica que o agente desenvolve dentro de si mesmo, ainda que se voltasse para os outros. Rienecker e Rogers dizem que “kresteyomai” significa “ser útil, ser agradável e gentil, mostrar bondade, alguém que presta serviços a outras pessoas de modo gracioso e bem disposto”.
  3. Não é invejoso. Uma vez que a palavra “zêlos”, encontrada nos dicionários é traduzida por “ebulição, zelo, ardor, rivalidade, emulação ou inveja” a melhor tradução para “ê agapê u zêloi” é: “não arde em ciúmes”, uma vez que a raiz da palavra “zeloi” é a palavra “zeô”, que significa “ferver”. Para o comentarista Leon Morris, “’inveja’ é um verbo ocasionalmente empregado num bom sentido (…); mas geralmente, porém, denota forte paixão de inveja ou coisa parecida. É o sentido que tem aqui, e nos faz lembrar que o amor não se aborrece com o sucesso dos outros”. Muito ao revés, até deseja que isso aconteça na vida da comunidade cristã.
  4. Não se vangloria. Sabemos que no original grego, Paulo usa a palavra “perpereuetai” que vem da raiz “perperos”, que tanto pode ser traduzida por “frívolo”, “ser leviano” e “indiscreto”, como por “jactar-se” ou, finalmente, por “vangloriar-se”. O fato é que quem ama, segundo comenta Leon Moris, não é “cheio de vento” ou “enfatuado”. Outro fato importante é que o fato do verbo estar no presente médio um ato de alguém que atua sobre si mesmo. A ação é de alguém sobre se mesma. Ela “se acha”, “se vangloria”, etc. Para Rienecker e Rogers, a palavra se refere a “alguém que fala muito e age presunçosamente”. Uma comunidade marcada pelo amor não se comporta assim.
  5. Não é soberbo. Quando procuramos pelo verbete “fysioutai” descobrimos que esta palavra vem da raiz “fysioô” que se traduz por “inchar-se de orgulho e de vaidade”. Lamentavelmente, embora aquela fosse uma comunidade cheia de dons e talentos (I Co 1:5), ela não sabia conviver com suas próprias virtudes e por isso o amor era colocado em segundo plano. Lamentavelmente, para os coríntios, mais importante que amar, era ter esse ou aquele dom.
  6. Não é inconveniente. A palavra usadas por Paulo: “kaskemonei”, pode ser traduzida por “indecoroso” ou portar-se “inconvenientemente”. Ela também pode significar “comportar-se indecentemente ou de maneira vergonhosa”. O verdadeiro amor não age assim, muito menos na comunidade dos que se dizem cristãos.
  7. Não é interesseiro. No texto original, Paulo diz: “ou zetei ta eautes”. Segundo Taylor “zetei” significa “procuro, busco, exijo; indago, cogito; requeiro”. Ora, este é um verbo que está no presente do indicativo ativo e na 3ª pessosa do singular. O que indica que Paulo está falando de alguém que tem como prática esta procura e esta exigência pelos seus interesses. A palavra “eautes” nos leva para um pronome reflexo da 3ª pessoa e significa “de si mesmo”, “a si mesmo” ou “seu”, nas palavras de Isidro Pereira. A expressão completa aponta para quem busca aquilo que é seu, aquilo que lhe interessa, sem se importar com os outros. Quem ama sabe que os interesses que mais buscamos é o da comunidae, e não os nossos.
  8. Não é irritadiço. Esta palavra é um verbo que está no indicativo, presente, passivo, na terceira pessoa do singular e pode ser traduzida de várias formas diferentes. Taylor traduz “paroxysmos” por “desavença”, “irritação”. Já Isidro Pereira prefere “excitação”, “impulso”e “irritação”. McKibben, por seu turno, traduz a palavra por “provocação”, “estímulo”, “contenção” e “desavença”. O verdadeiro amor até pode se irritar em alguns momentos, mas a irritação não faz parte de sua prática cotidiana.
  9. Não suspeita mal. A palavra “logizetai”, usada aqui, tem como raiz, um termo que implica em “calcular, contar, refletir, considerar, inferir, deduzir, raciocinar”, etc. Segundo Taylor esta palavra se traduz por “imputo, atribuo; reputo, suspeito; considero, conto com, tenho por ou na conta de; medito, discorro, julgo, penso, entendo, concluo; determino, proponho-me”. Ora todos esses termos nos fazem compreender que o amor não “considerar e registrar”; em outras palavras, aquele que ama “não fica registrando o mal”, ou seja, “não fica estocando ressentimentos” para poder usar mais tarde e “passar na cara” de alguém.
  10. Não se alegra com a injustiça. Enquanto Isidro Pereira traduz “adikia” por “injustiça, falta”, McKibbena traduz por “iniquidade, injustiça, maldade”. Para Paulo as coisas são muito simples. Diz ele em Rm 1:18: “A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça”. O amor não pode conviver com a prática da injustiça na comunidade dos santos.
  11. Se alegra com a verdade. No original grego a palavra usada por Paulo é “aletheia”. Ela pode ser traduzida por “verdade, veracidade, sinceridade”. A palavra “aletheia”, é utilizada em relação àquela mulher que por 12 anos sofria com uma hemorragia, e que, ao tocar em Jesus e ser curada e desmascarda, diz o texto “Então, a mulher, atemorizada e tremendo, cônscia do que nela se operara, veio, prostrou-se diante dele e declarou-lhe toda a verdade” (Mc 5:33). Quem ama não tem segredos ou o que esconder do seu amado ou dos irmãos.

Aplicação: No texto de Jeremias aprendemos que o povo de Deus foi colocado diante das nações, apesar de se julgar incapaz, para anunciar as palavras que Deus pôs em sua boca. Somente uma comunidade que ama terá a autoridade para anunciar essa Boa-Notícia com autoridade e com poder.

 III. ELE É MUITO MAIS PREFERÍVEL (v. 8-13)

  1. Jamais acaba. Diferentemente das profecias, da ciência e das línguas, o amor jamais acaba: “oudepote piptei”. Ele nunca diminuirá nem chegará ao fim, como ocorrerá com os demais dons, que são transitórios. E será assim porque Deus é amor, portanto seu fundamento.
  2. Profecias, línguas e ciência desaparecerão. Na presença de Deus, estes dons perdem sua razão de ser e serão abandonadas como abandonamos as coisas de criança e passamos a buscar as coisas dos adultos.
  3. Nós conhecemos e profetizamos em parte. Outra grande marca da superioridade desse caminho, o que o torna ainda mais preferível, é que ele nos levará à perfeição. O texto diz que somente quando “o Perfeito” vier conheceremos as coisas como elas de fato são. Tudo o que sabemos sobre Deus é parcial, superficial e sem solidez. Mas um dia nosso conhecimento será pleno, pois o veremos face à face e não como por um espelho.
  4. Ela é o ápice das virtudes teologais: fé, esperança e amor. Comentando este texto, Raymond Brown nos diz que embora os dons, um dia, desaparecerão, permanecerão a fé, a esperança e o amor, porque estes três elementos caracterizarão os cristãos na eternidade. A fé, porque somente os que confiam conhecerão a eterna presença de Deus; porque é fé perseverante nas promessas de Deus e o amor, porque Deus é amor e Ele será “tudo em todos” (I Co 15:28). Pelo amor nos uniremos e venceremos as distâncias que nos separavam.

Conclusão: No texto do Evangelho vemos Jesus pregando na sinagoga em Nazaré, a terra onde ele cresceu. Ele prega a palavra mas é rejeitado pelos presentes. Apesar de todos os sinais que o acompanhavam, sinal do amor e da graça de Deus pelas pessoas mais carentes, ele não é aceito em sua própria terra e é expulso da cidade. Todo aquele que quiser anunciar o Evangelho e a Palavra de Deus, terá que ter como modelo, não aquela sinagoga que rejeita quem fala a Palavra de Deus, mas a pequena comunidade dos discípulos que resiste em andar ao lado de Jesus.

Padre Jorge Aquino no casamento de Lívia e Tiago

Em uma de suas mais conhecidas músicas, Raul Seixas disse que “Sonhos que se sonha só é só um sonho que se sonha só; mas sonho que se sonha junto é realidade”. Nesta tarde tive a oportunidade de participar da realização do sonho de um casal que veio de Brasília para concretizá-lo diante do por do sol do Potengi, na praia do Y. o Casal Lívia e Tiago, que se encontraram na terça de carnaval de 2014, noivou em março de 2015, disse “sim” um ao outro, em nesta terça de 2016. Que este casal, marcado pela sensibilidade e pelo cuidado um pelo outro, cresça em amor até o fim de seus dias, sob às bênçãos de Deus.

Padre Jorge Aquino no casamento de Valéria e Nelson

Muito feliz por ter acabado de chegar de uma cerimônia matrimonial bilingue marcante no Art’s Recepções. O noivo, o chileno Nelson, absolutamente apaixonado pela brasileira Valéria, sabia o que tinha que fazer quando a encontrou pela primeira vez em Santiago, no Chile. Depois daquela viagem, enquanto Valéria trocava de avião no Rio de Janeiro, recebeu uma ligação do noivo dizendo que já havia comprado as passagens para vir até o Brasil conhecer a família da noiva. Na realidade, alguém já disse: “Quando você descobre que quer passar o resto da sua vida com alguém, você deseja que o resto da sua vida, comece o mais rápido possível”. E foi isso o que aconteceu entre Nelson e Valéria. Que Deus os guarde e os acompanhe por toda sua vida em comum, sempre com o mesmo coração.