Rev. Cônego Jorge Aquino
Um dos temas que precisam ser sempre objeto de estudo e de cuidado, por parte da Igreja cristã, em todos os momentos, diz respeito às questões que envolvem a vida em família, sua origem, dificuldades e perigos. Lamentavelmente nem todos percebem o quão importante é investir nesses temas para a saúde das pessoas e, dessa forma, de toda a comunidade. Sempre que esquecemos de olhar para cada indivíduo, acabamos por nos esquecer também de cada família e da comunidade na qual ela está inserida. No entanto, quando aprendemos a ser pastores de almas, não apenas aprendemos a conviver com o fracasso cotidiano das pessoas, mas também aprendemos a investir mais nessa esfera tão esquecida da vida em comunidade. Pensando na importância desse tema, entendemos que a Igreja precisa investir na vida dos casais de, pelo menos, quatro formas bem significativas.
Em primeiro lugar, investiremos mais na vida dos casais quando dedicarmos a esse tema nossa pregação e ensino. É claro que todos nós temos ciência da importância que o púlpito e a cátedra têm em nossa atividade pastorais. No entanto nem sempre dedicamos o tempo necessário, em nossos sermões e no nosso ensino, para instruir as pessoas sobre uma vida familiar mais significativa e cheia de sentido. Muita gente passa por dificuldades nessa área e não ouvem nada sobre o assunto da parte de seus pastores. Essa é uma lacuna que precisa ser vencida.
Em segundo lugar, investiremos mais na vida dos casais quando dedicarmos a esse tema nosso tempo na preparação daqueles que vão contrair matrimônio. Particularmente estou cada vez mais inclinado a afirmar que cada comunidade precisa ter um ministério voltado especificamente para cuidar das dificuldades por que passam as pessoas casadas. Esse ministério deverá ser, obviamente, dirigido por pessoas casadas. No entanto, acima de tudo, deverá ser dirigido por pessoas que tenham o coração aberto para ouvir, compreender e investir nessa área com dedicação. Seria importante que cada comunidade tivesse um curso de preparação para o casamento que abrangesse os grandes tópicos que essa temática se nos apresenta.
Em terceiro lugar, investiremos mais na vida dos casais, quando dedicarmos a esse tema celebrações litúrgicas significativas. Muita gente nem sequer imagina a importância que uma celebração adequada e centrada na bíblia tem na vida daqueles que a assistem. Quantos casais não são tocados pela simples celebração de um matrimônio? Quantos não se veem desafiados em refazer seus votos ao ouvirem um casal fazer os seus? Não devemos esquecer que os Anglicanos acreditam como oram – lex credendi lex orandi-, e que devemos buscar celebrar os matrimônios com toda a dedicação e o esmero que aquele momento exige.
Finalmente, investiremos mais na vida dos casais quando dedicarmos nossa atenção ao cuidado pastoral aos casais. É claro que os ministros religiosos jamais se furtarão da responsabilidade de ajudar e orientar qualquer casal, em suas dificuldades. No entanto, esse tipo de cuidado é sempre algo ocasional e contingente. Acredito, no entanto, que em nosso ministério, devemos nos dedicar para compreender sempre mais e melhor sobre esse tema. Ao fazermos isso, estaremos auxiliando os casais e fortalecendo-os para que eles sejam aptos em guardar sua aliança conjugal de uma forma mais plena e cheia de sentido.
Dizem que, em uma escola para crianças, uma professora entregou um mapa-múndi recortado para que as crianças pudessem montá-lo colocando cada pais ao lado do outro. O problema é que, naquela idade, quase nenhuma das crianças tinha a noção de onde ficam as nações do planeta. Ao observarem o lado de trás de cada peça, no entanto, elas perceberam que havia a figura de um corpo humano impressa lá. Foi nesse momento que tiveram uma grande ideia. Elas, então, viraram todas as peça e formaram a figura do corpo, vez que era mais fácil. Ao final, depois de unir todas as peças do quebra-cabeças, viraram a imagem completa e eis que viram o mapa-múndi completamente feito. Qual a lição que aprendemos? Aprendemos que quando somos capazes de reconstruir o homem, reconstruímos, também, o mundo. Se investirmos nosso tempo e nosso ministério nas pessoas e nas famílias, estaremos dando nossa contribuição para termos um mundo melhor.