John Wycliff, Pré-Reformador

Wycliff

Filho de uma família tradicional na região de Yorkshire, Wicliff nasceu nas redondezas de Hipswell em cerca de 1328. Estudante brilhante, tornou-se doutor de teologia e professor em Oxford. Na condição de teólogo, destacou-se pela firme defesa dos interesses nacionais contra as demandas do papado, ganhando reputação de patriota e reformista. Wycliff afirmava que havia um grande contraste entre o que a Igreja era e o que deveria ser, por isso defendia reformas. Suas idéias apontavam a incompatibilidade entre várias normas do clero e os ensinos de Jesus e seus apóstolos.

Ele defendia que todos os cristãos deveriam ler a Bíblia em sua língua, e por isso iniciou uma tradução para o inglês e enviou um grupo de leigos (os lolardos) para sair por toda a Inglaterra pregando que era preciso ter fé em Deus e em sua Palavra, para se encontrar a vida eterna . Ele era um severo crítico da riqueza dos clérigos, e defendia uma vida mais simples para os sacerdotes. Era um forte crítico do sistema de venda de indulgências e a vida perdulária e luxuosa de muitos padres, bispos e religiosos que  sustentados com dinheiro do povo. Um de seus principais tratados foi o De veritate Sacrae Scripturae, publicado em 1378. Para Wycliff, ao contrário do papa, somente as Escrituras eram infalíveis. Essa tese influenciou tanto o luteranismo quanto o calvinismo e suas ramificações. Por causa de suas ideias ele seria condenado pelo papado e obrigado a se retirar para uma paróquia em Leicestershire, onde morreu em 1384.

O Cristão e a raiva

raiva

Rev. Padre Jorge Aquino

Geralmente associamos um sentimento como a “raiva” a algo absolutamente estranho à vida cristã. Não imaginamos que um cristão verdadeiro possa sentir raiva em algum momento de sua vida. Mas, para sermos honestos, precisamos reconhecer que as coisas não são bem assim.

Em um texto bastante interessante, o reverendo Ian Punnett, ministro da Igreja Episcopal nos Estados unidos, nos dia que existem dois tipos de raiva: a positiva e a negativa. De fato, ele entende que “a raiva pode ser uma reação perfeitamente apropriada” se estivermos tratando de uma raiva positiva. Mas qual a diferença entre as duas?

Quando ele fala em uma “raiva positiva”, ele s refere a uma “emoção de autopreservação, que leva o indivíduo a defender seu valor, suas necessidades e suas convicções pessoais”. Esta tese, defendida pelo terapeuta Dr, Les Carter, na realidade, aponta para uma afirmação da própria auto-estima, diante de alguém ou algo que pretende nos reduzir a algo sem valor.

Acerca da raiva negativa, Punnett diz que ela é “a raiva que destrói o outro e causa sofrimento, porque é uma raiva ‘expressada de modo agressivo, com gritos, críticas, impaciência, agitação, aborrecimento, irritabilidade e grosseria’”. Esse tipo de raiva é aquele que costumamos ver nos reality shows. Ele é o responsável pelo final de inúmeros casamentos e pelos inúmeros danos presentes em uma miríade de filhos e filhas.

Precisamos compreender que a raiva não é algo necessariamente mal, afinal, ela ativa nossas necessidades de autopreservação, e isso é algo essencialmente bom. Segundo diz Punnett, estamos nos auto preservando “quando não permitimos que outra pessoa nos defina de forma negativa, quando, por exemplo, nos opomos a uma pessoa que diz ‘Você nunca conseguirá ser algo’, ‘você não é uma pessoa boa’, ou ‘Você não merece ser amado’. Assumir uma posição e defender-se é o primeiro passo para não ser desrespeitado pelos outros”.  O que queremos dizer é que, com a raiva positiva, transmitimos a ideia de que nossas necessidades precisam ser levadas a sério e respeitadas. De fato, a raiva positiva tem a capacidade de reestabelecer a harmonia nos relacionamentos fragmentados. Em outras palavras, nunca haverá paz se não houver, antes, a justiça. A maioria das pessoas entendem que a raiva e o amor não podem andar juntos. Mas são Paulo nos incentiva a “seguir a verdade em amor” (Ef 4:15), o que significa que dizer a verdade não implica em abandonar o amor. Pelo contrário, por amor, somos sempre impulsionados a falar sempre a verdade.

Vemos, portanto, que o problema não reside em sentir raiva ou não, mas em sentir algo que seja produtivo, positivo e proativo. Dessa forma, nossos relacionamentos sempre tenderão a ser melhores.

Referência Bibliográfica:

PUNNETT, Ian. Deus esqueceu de mim. Ou será que o problema sou eu? Rio de Janeiro: Thomas Nelson, 2015

Um Ano Novo se aproxima!!

Natal, RN

Meus queridos irmãos,

Neste momento em que um novo ano se aproxima, devemos nos lembrar que nosso maior desafio não é desejar um ano melhor, mas sermos pessoas melhores no ano que vem. Isso implica em que, como as árvores, até podemos mudar nossas folhas – como somos capazes de mudar de ideia -, mas jamais devemos abandonar nossas raízes, ou seja, nossos princípios. Se você conseguir manter-se assim, saberá que nunca deverá abandonar os seus sonhos, por mais tempo que demore; afinal, o tempo vai passar de qualquer forma. Que ele passe enquanto sonhamos por um ano melhor! Um Feliz Ano Novo para tod@s!!

THOMAS BECKET – Arcebispo de Cantuária

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Hoje os Anglicanos celebram a memória do Arcebispo Thomas Becker. Quando jovem, Thomas era o amigo favorito do Rei Henrique II da Inglaterra, que o nomeou seu chanceler, tornando-o, assim, o homem mais poderoso do reino abaixo do Rei. Nessa altura, Thomas era um diácono, embora não o parecesse, pela sua arrogância e luxuoso modo de vida. Quando, por influência do Rei foi eleito Arcebispo de Cantuária, imediatamente mudou sua maneira de ser. Passou a viver uma vida de grande austeridade e oração, cuidado diariamente dos pobre e enfermos que batiam à sua porta. Ele e o eram homens voluntariosos e rapidamente se viram envolvidos em violentas disputas, porque Thomas não aceitava as tentativas do Rei para se intrometer na direção da Igreja. Por esse motivo ele foi exilado e, ao retornar à Inglaterra, foi assassinado pelos homens do Rei. Ele morreu como mártir em 1170, defendendo o direito da Igreja de se manter livre da ingerência do Estado.

Dia dos Santos inocentes

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Dia dos Santos Inocentes é uma celebração cristã em homenagem aos Santos inocentes, ou seja, os meninos que foram assassinados no evento bíblico que ficou conhecido como Massacre dos inocentes, em razão da ordem de Herodes que mandou matar os meninos de 2 anos para baixo e que está relatado no Evangelista São Mateus 2:16-18.

 

 

São João Apóstolo e Evangelista

JoãoEvangelista

O dia de hoje é dedicado a memória de São João, Apóstolo e Evangelista. Ele foi, de fato, um dos doze apóstolos de Jesus e o autor do Evangelho de João, das três Epístolas de João e do livro do Apocalipse. Embora tenha sido aprisionado pelos Romanos na ilha de Patmos, diz a tradição que ele morreu com 94 anos na cidade de Éfeso. O que mais nos chama a atenção em sua vida é que ele é conhecido como “o discípulo amado”, em razão de sua íntima relação com Jesus. Que, assim como ele, também sejamos ávidos por ter uma relação íntima e próxima com nosso grande amigo, Jesus Cristo.

Morre D. Glauco Soares de Lima

Glauco

“Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor” (Ap 14: 13)

Esta tarde tomei conhecimento da morte do Bispo D. Glauco Doares.  Nascido em Pelotas em 1934, D. Glauco foi primaz da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil e, depois, bispo do Movimento Anglicano do Brasil. Apesar de uma enorme vivacidade intelectual, D. Glauco sempre se notabilizou por ser, acima de tudo, um pastor de almas e um pai em Deus. Sou grato por todas as palavras pastorais que sempre ouvi dele. Deixo minhas condolências à sua esposa, filhos e netos, orando para que Deus os conforte. Hoje ele, que vinha sofrendo já a algum tempo, descansou nos braços de Deus. Bem-aventurado, portanto, pois morre no Senhor!

Feliz Natal!!

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“Hoje, na cidade de Davi, vos nasceu o Salvador, que é o Messias, o Senhor!” (Lucas 2:11)

Hoje não é um dia qualquer. Não é um dia dedicado ao papai-noel ou qualquer outra personagem que nos remete ao consumo. Hoje é o dia em que celebramos um amor tão significativo que fez conque Deus se fizesse carne e nascesse em uma pobre família em Belém, para ser, para sempre “Deus conosco”. Por isso, quando nos sentimos sós, devemos nos lembrar que uma criança vem nos visitar, com sua ternura, doçura, e simplicidade. É Deus-criança, ao nosso lado, nos acolhendo em seus braços.

A ANSIEDADE DAS NOIVAS

Noiva ansiosa

Rev. Jorge Aquino.

Certo dia, em um encontro com um casal de noivos, perguntei quanto tempo faltava para o casamento. A noiva, prontamente respondeu: tantos meses, tantos dias e tantas horas… Fiquei surpreso ao ver que ela tinha todas estas informações de forma tão detalhada. Mas percebi que ela revelava uma certa ansiedade envolvendo aquele dia.

O filósofo romano Sêneca escreveu em seu livro a Brevidade da vida o seguinte: “finalmente, constrangido pela fatalidade, sentimos que ela [a vida] já passou por nós sem que tivéssemos percebido”. Em outras palavras “o tempo flui” e nós não conseguimos dominá-lo.

Em primeiro lugar, precisamos reconhecer que um certo grau de ansiedade é algo saudável e normal, tanto quanto o medo ou a raiva. O problema está no exagero que acomete cerca de 25% da sociedade e que se revela como uma síndrome do pânico ou outras fobias que imobilizam nossas vidas. Lamentavelmente inúmeras noivas sofrem muito com a ansiedade.

Em segundo lugar, existem aspectos físicos que acometem fortemente algumas noivas. Em geral pessoas muito ansiosas têm tremores, suores, opressão e dor no peito, boca seca, palpitações, tonturas, etc. Este conjunto de fatores pode acabar nos levando ao hospital.

Em terceiro lugar, noivas ansiosas, que procuram realizar todas as coisas rapidamente e ao mesmo tempo, acabam por não se aprofundar em nada. Pessoas assim vivem na superficialidade do que a vida poderia dar. Elas provam apenas “pedaços da vida” ou, conforme o termo da moda criado para descrever esta cultura, vivemos em uma “snack culture”, ou cultura aos pedaços. O que fazemos, como nos divertimos, como vivemos, revela que estamos em uma cultura que é feita pra ser consumida em pouco tempo. É fácil encontrar, nas livrarias, livros do tipo “Heidegger em 90 minutos”. Até a comida tem que ser fast food. A saída mais comum para estas noivas e contratarem alguém para decidir por elas tudo a fim de que elas não tenham que passar pelo estresse de ter que tomar decisões. Estas pessoas são os famosos assessores.

O problema, diz o sociólogo Zigmunt Baumann, é que a cultura snack atingiu os relacionamentos. Segundo ele “A vida numa sociedade líquido-moderna não pode ficar parada. (…) É preciso correr. (…) Não importa o que aconteça, propriedade, situações e pessoas, continuarão deslizando e desaparecendo numa velocidade surpreendente”.

Para escapar das graves conseqüências da ansiedade é preciso compreender três verdades: primeiro, precisamos parar, respirar, pensar um pouco, e compreender que não se pode controlar tudo. Assim diz o psiquiatra Edward Hallowel, não podemos “Forçar o vinho a envelhecer depressa, as arvores a crescerem rápido, (…) forçar o amor a vir mais cedo, o amanhã a chegar hoje”. Em segundo lugar, temos que assumir a direção de nossas vidas e escolhas. Kierkegaard escreveu certa vez: “aventurar-se causa ansiedade, mas deixar de arriscar-se é perder a si mesmo”. Somente quando tomamos nossa vida em nossas mãos damos sentido a ela.

Finalmente, devemos receber o conselho do Apóstolo São Paulo que escreveu: “Não andeis ansiosos por coisa alguma; antes em tudo sejam os vossos pedidos conhecidos diante de Deus pela oração e súplica com ações de graças”(Fil 4: 6). Descansem em Deus, façam suas próprias escolhas, tomem suas vidas em suas mãos, assumam suas decisões e esperem, calmamente, pois aquele dia que virá cheio de felicidade.

AS NOIVAS E SEUS SONHOS

Noiva sonhando

Rev. Jorge Aquino.

Quer queiramos ou não, todos os que trabalham com casamentos, principalmente o ministro religioso, trabalham com os sonhos de uma noiva. Em algumas culturas ancestrais, os sonhos eram vistos como revelações da vontade dos deuses. De uma perspectiva meramente científica o sonho não seria nada mais do que uma experiência de imaginação do inconsciente que ocorre durante o sono. Para muitos psicanalistas os sonhos revelam nossos desejos ou nossos medos reprimidos no inconsciente. Para nós, os sacerdotes, o sonho do casamento vai muito mais além.

Para nós, os ministros religiosos, os sonhos de uma noiva nos falam dos desejos mais profundos e quase que “sagrados” que ela tem. Ela sonha, em primeiro lugar em encontrar aquele “príncipe encantado” que a fará feliz por toda sua vida. Ela sonha com aquele evento no qual sua família e amigos estarão presentes para testemunharem sua completa e total entrega a este príncipe. Ela sonha que todo este gesto seja feito na presença de Deus e que absolutamente tudo, naquela cerimônia, ocorrerá como foi minunciosamente planejado.

Particularmente, na condição de ministro religioso, faço tudo o que posso para que o sonho se realize. E minha maior satisfação é ver o rosto dos noivos cheios de alegria depois do “pode beijar a noiva”. Esta é minha realização. Ver a felicidade materializada em todas as pessoas presentes.

Caros colegas Reverendos, ministros ou profissionais que trabalham para este momento. Não pensem apenas com a mente. Usem o coração. Não sejam meros profissionais neste momento, mas instrumento da felicidade de casal num dia que ficará na lembrança dos dois para todo o sempre.