Sermão do 5º Domingo da Quaresma

padre jorge

(Ezequiel 37: 1-14; Romanos 8: 6-11; João 11: 1-45)

Rev. Cônego Jorge Aquino

TEMA: Quaresma: momento em que a morte vira vida. (Ezequiel 37: 1-14).

Introdução: Quando as tropas aliadas, já no final da campanha da Europa, chegaram à Polônia e encontraram o Campo de Concentração de Auschwitz, o mundo inteiro ficou perplexo com as imagens que registravam até onde a animalidade humana é capaz de ir. Milhares de corpos foram encontrados em valas comuns e milhares de outros jaziam insepultos. Durante o julgamento de Nuremberg o próprio primeiro comandante do Campo, Rudolf Höss, confessaria que mais de 3 milhões de pessoas foram eliminadas ali; 2,5 milhões gaseificados e 500 mil de fome e doenças. Seguramente aquele lugar até hoje produz uma enorme comoção em todos aqueles que adentram seus portões.

Elucidação: No texto da leitura do Antigo Testamento de hoje vemos uma das cenas mais impactantes da Bíblia. Ela é a resposta dada por Deus ao momento mais cheio de desalento e de desesperança que o povo de Deus passou: o exílio na Babilônia. Muitas vezes estamos vivenciando a mesma realidade de cerceamento e de aprisionamento; a angústia parece que vai prevalecer, mas Deus chama o profeta até aquele lugar que representa toda a miséria de seu povo e promete que a realidade posterior será muito superior à glória do passado. Pensando nisso somos convidados hoje a refletir sobre o tema: Quaresma: momento em que a morte vira vida. Diante da visão que Ezequiel vislumbrou, acreditamos ser possível encontrar três grandes momentos que se repetem, também em nossas vidas:

I. UMA REALIDADE DESALENTADORA (v. 1, 2).

  1. Às vezes é o lugar para onde somos levados por Deus. O texto do capítulo 37 de Ezequiel começa com a declaração de que a “mão do Senhor veio” sobre o profeta. Esta expressão indica que tudo o que ocorrerá agora, será fruto da ação divina.

Logo em seguida o verso primeiro nos informa que o profeta foi levado “pelo Espírito do Senhor” e colocado no meio de um vale que estava cheio de ossos. A indicação de que o profeta fora levado pelo “Espírito do Senhor” é mais um detalhe que atesta que devemos estar sempre dispostos a sermos levados para onde o Senhor quiser.

  1. Às vezes este é um lugar de morte. O texto nos diz que o “Espírito do Senhor” levou o profeta para um vale cheio de ossos, indicando, talvez, uma vala comum ou um local onde dois exércitos se debateram até a morte. Não estamos, portanto, diante de um cemitério comum, mas de um campo de batalha coberto com os cadáveres que ali tombaram.

O profeta andou por entre aqueles ossos e percebeu que eles estavam sequíssimos, o que indica não apenas que a mortandade havia ocorrido a algum tempo, mas que a situação era irreversível.

Aplicação: O texto do Evangelho de hoje fala da ressurreição de Lázaro, um grande amigo de Jesus. Seu corpo já havia sido sepultado fazia quatro dias. Mesmo assim Jesus ordenou que retirassem a pedra. Relutantes, porque imaginavam que já cheirava mal, as pessoas foram e retiraram a pedra da sepultura. Diante disso, Jesus disse em voz alta: “Lázaro, vem para fora!”. E aquele que estava morto reviveu porque ouviu a voz de Jesus chamando seu nome. Da mesma forma Jesus chama nosso nome quando estamos já considerados mortos e cheirando mal. Cabe a nós ouvir a voz do Senhor, atender seu chamado e sair da sepultura. Por mais que esse momento de escuridão dure, Jesus sempre chama nosso nome. Abra seus ouvidos para ouvir o Senhor chamar seu nome na hora de sair do reino da morte e vir para o reino da vida.

II. UMA PERGUNTA PERTURBADORA (v. 3)

  1. Deus nos questiona quando vislumbramos a realidade. No verso terceiro Deus faz uma pergunta perturbadora ao profeta: “Filho do homem, acaso, poderão reviver esses ossos?”. O profeta não entende a razão da pergunta. Os ossos estão sequíssimos e isso indica a impossibilidade de que haja vida naquele lugar. A realidade que cerca o profeta é de completa prevalência da morte, mas é sobre essa realidade que Deus resolve questionar o profeta.
  2. Nossa ignorância nos faz afirmar que somente Deus tem todas as respostas. Sem saber exatamente o que responder, o profeta simplesmente diz: “Senhor Deus, tu o sabes”. Que é o profeta para responder às grandes questões sobre a vida e a morte? Deus, contudo, sabe de todas as coisas e por isso, é Ele que pode dar as respostas certas sobre essas questões. Na realidade, o que ocorre aqui é que, ao vislumbrar tamanha carnificina o profeta se cala pasmado frente a realidade que, muitas vezes nos acomete.

Aplicação: Muitas vezes, como cristãos, somos colocados em situações difíceis. Enfrentamos a dor, o sofrimento, a prisão, a solidão, o abandono, e achamos que até Deus se esqueceu de nós. Mas eis que, diante da maior agonia que possamos sofrer, ouvimos a doce voz de Deus a nos acalentar dizendo: “A graça minha graça te basta, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”. E aí, quando nos julgamos fracos e derrotados é que somos fortes e vencedores! De fato não sabemos as razões de todas as coisas que nos acontecem, mas Deus transforma cada uma delas em instrumento de crescimento, de maturidade e as vê como a coroa da glória!

III. UMA MUDANÇA TRANSFORMADORA (v. 4-13)

  1. Exige que o homem de Deus profetize (v. 4-6). Mesmo sem responder a pergunta feita ao profeta, Deus lhe dá uma ordem: “Profetiza a esses ossos e dizei-lhes: Ossos secos, ouvi a palavra do Senhor”. Esta parece ser uma ordem absurda! Profetizar para um amontoado de ossos que já a muito perderam a vida parece ser algo sem sentido. Mas essa é a exigência de Deus e por isso o profeta profetiza. E em sua profecia Ezequiel diz que o Senhor fará entrar novamente o espírito neles, em uma referência ao sopro de vida. Cada elemento do corpo será reconstruído. O texto pala nos tendões, na cerne e na pele.
  2. Exige um homem de Deus que obedeça (7,8). E, diante da ordem de Deus o profeta profetiza a palavra do Senhor. Logo em seguida ocorreu um ruído, barulho de ossos batendo um contra o outro, os tendões e ligamentos se juntando, a carne crescendo ao redor e a pele se estendendo sobre cada um deles. Os corpos estavam, agora, fisicamente restaurados. Mas faltava algo.
  3. Exige que o homem de Deus invoque o espírito (v. 9, 10). No verso 9 Deus manda que o profeta profetize ao espírito, que nesse texto se refere ao princípio vital que vem de Deus e que dá vida (anima) a todos os homens. E eis que assim que o profeta fez conforme a vontade de Deus, o espírito veio sobre os corpos e eles viveram e se puseram de pé. E eis que era um exército numeroso de pessoas redivivas!
  4. Exige uma explicação de Deus (v. 11-14). A partir desse momento Deus passa a explicar ao profeta o sentido de tudo aquilo. Deus explica que os ossos eram o povo de Israel. A secura dos ossos era semelhante a ausência de esperança que existia no coração do povo de Deus.

Deus diz ao profeta que fará Israel sair da sepultura e retornar à sua terra. E dessa forma, Israel saberá que Javé é o Senhor que os fez sair da sepultura e da esfera da morte e os levou até a terra prometida. E o povo de Deus receberá o Espírito do Senhor para que todos sejam instrumentos de proclamação de que Deus é o Deus da esperança. A morte não tem a última palavra.

Conclusão: A leitura da Epístola de Paulo aos romanos de hoje nos coloca diante de algumas verdades extraordinárias. Paulo nos diz que enquanto a mera carne se inclina para a morte, o Espírito se inclina para a vida e para a paz. E diz mais. Diz que se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dos mortos habita em nós, nosso corpo mortal também será vivificado e triunfará sobre a morte, à semelhança de Cristo. A presença do Espírito em nós é a maior prova de que somos o povo do Senhor.

Querido amigo, você pode dizer que o Espírito de Deus testifica em seu coração de que você é um filho de Deus e membro de sua família? Caso você esteja entre os ossos que estão ressequidos pelo tempo e pela falta de esperança, saiba que se hoje você der ouvido à palavra de Deus, hoje mesmo o Espírito Santo fará morada em você.

BREVE REFLEXÃO SOBRE O CATECISMO DA IGREJA ANGLICANA NA AMÉRICA DO NORTE – Para Ser um Cristão

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Rev. Cônego Jorge Aquino

8. Como Deus te salva?

Deus me salva pela graça, que é o seu imerecido amor dado a mim em e através de Jesus. “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16).

Comentário:

Esta é a pergunta que fez surgir todas as manifestações religiosas do mundo. Todas elas acreditam ter a resposta para essa importante pergunta e cada uma delas, a seu modo, apresenta um sistema integrado de salvação. O que há de comum a todas elas, é a participação do homem no processo de sua própria salvação.

Quando lemos as Escrituras Sagradas, no entanto, entendemos que a salvação, conforme exposta neste texto, possui algumas características fundamentais.

Em Primeiro lugar, as Escrituras nos revelam que nós somos salvos pela graça. Segundo o catecismo, Deus “me salva pela graça”. Mas o que significa “graça”? Nas Escrituras, “graça” é um “favor imerecido”, ou seja, é algo que nos é dado sem que mereçamos nada. O corolário dessa afirmação é que não existe nada em nós que nos faça merecer a salvação de Deus, ou seja, a graça de Deus contraria frontalmente a teoria do Karma. Segundo essa teoria, nossa evolução espiritual depende de nosso gestos e atitudes. Se fizermos o bem, evoluiremos em uma vida posterior. Em outras palavras, nossa salvação depende de nossos méritos. Mas não é assim que afirma as Escrituras. Para a Bíblia Sagrada, “pela graça sois salvos, por meio da fé, e ela não vem de vós, é dom de Deus; não vem de obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2:8).

Em Segundo lugar, essa graça só é aplicada a nossa vida por meio da fé em Jesus. Por isso o Catecismo afirma que a graça é “o seu imerecido amor dado a mim em e através de Jesus”. São os méritos de Jesus, não os nossos, que fazem com que sejamos aceitos por Deus e salvos. Quando Deus nos olha, portanto, Ele nos observa através dos méritos de Jesus Cristo. Eis a razão da citação feita do texto do Evangelho de São João 3: 16: “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. Todos aqueles que depositarem sua fé em Jesus Cristo, ou seja, todos aqueles que creem nEle, recebem de Deus a vida eterna.

Em resumo, temos duas lições que nos são dadas pelas Escrituras Sagradas. A primeira dela é que a salvação não depende de nossos méritos ou obras, mas unicamente da graça de Deus; em segundo lugar, é nossa fé em Jesus que nos assegura a salvação. Não deposite sua fé, portanto, em promessas ilusórias ou na vã teoria de que seus esforços são suficientes para leva-lo até Deus. Feche seus olhos e diga para Deus que deseja receber a salvação de graça por meio de Jesus Cristo, e Ele te salvará.

AME SEM RESERVAS

Ame

Rev. Cônego Jorge Aquino

Talvez o maior empecilho que exista para se amar seja justamente este. Ou se ama sem reservas ou não se ama. Em geral queremos estar no controle de tudo. De nossa vida, de nosso futuro, de nossas decisões. Mas eis que nos apaixonamos e nos vemos, de repente, dependente de alguém, condicionado à alguém ou submisso ao bem-estar desta pessoa. Mas esta é a primeira grande verdade do amor. Ouso afirmar que não se ama verdadeiramente e plenamente até que nos sintamos absolutamente dependentes desta pessoa. Eu sei que isso soa estranho em uma sociedade como a nossa, que é tão individualista. Mas o amor é assim. Não há reservas. Não há espaços em nossa vida que não estejam abertos a quem amamos. Isto significa não ter reservas.

Em segundo lugar, o amor não é algo que “acontece” simplesmente e pronto! Já amamos para o resto de nossas vidas. O amor é como uma rosa que, apesar de seus espinhos – e eles existem – precisa ser regado e cuidado com carinho por toda a vida. Isso exige aprendizado e tempo. O amor pleno cresce e se desenvolve apesar dos defeitos do outro. Um amor sem reservas é um amor que exige cuidado e atenção. É verdade que estamos muito mais propensos a cuidar e a ter atenção com nossa própria carreira profissional. Mas quando amamos tudo o mais assume uma posição secundária. Amar sem reservas é amar com prioridade. Nada ou ninguém é mais importante do que a pessoa que amamos. Por isso Vinícius de Morais dizia: “Amai, porque nada melhor para a saúde que um amor correspondido”.

O amor sem reservas é apresentado pelo Apóstolo Paulo em sua primeira carta aos Coríntios no capítulo 13. Lá aprendemos que o amor sem reservas é paciente, faz bem ao outro, não arde em ciúmes, não se vangloria nem se enche de soberba, não é grosseiro nem busca seus próprios interesses, é capaz de perdoar e de não se enraivecer, não age injustamente, mas de forma verdadeira e protetora. Ele sempre confia, espera e persevera, mesmo em meio à adversidade. Ainda que envelheçamos e nossos rostos se encham de rugas, o amor permanece, porque quem ama sem reservas, ama para sempre. Lembremos sempre das palavras do frade Dominicano Martín Gelabert Ballester, que disse: “O amor autêntico se oferece sem medida, sem reservas; dá tudo aquilo que tem e pode”. Afinal a vida é linda quando se tem ao lado alguém que se pode amar sem reservas, a quem nos entregamos totalmente de corpo e alma e para quem ofertamos toda nossa vida e nosso coração palpitando de emoção.

Sermão para o 4º Domingo da Quaresma

padre jorge

(I Samuel 16: 1-13; Efésios 5: 8-14; João 9: 1-41)

Rev. Cônego Jorge Aquino

TEMA: Quaresma: momento de ver a realidade com os olhos de Deus (I Samuel 16: 1-13).

Introdução: Já dizia o ilustre teólogo e filósofo brasileiro Leonardo Boff: “todo ponto de vista é a vista de um ponto. Para entender como alguém lê, é necessário saber como são seus olhos e qual é a sua visão do mundo”. Essa afirmação nos permite dizer que quando mudamos o ponto de vista, mudamos também a vista que temos do ponto.

Elucidação: No texto da leitura do Antigo Testamento de hoje, encontramos a história na qual Deus chama Samuel para ungir um novo rei em Israel. Neste trajeto, encontramos como os nossos pontos de vista podem nos enganar no que diz respeito á realidade de Deus. Como, frequentemente, nos vemos observando o mundo a partir, apenas, do nosso único e limitado ponto de vista. Pensando nisso somos convidados hoje a refletir sobre o tema: Quaresma: momento de ver a realidade com os olhos de Deus. Diante disso, e com base no relato registrado no texto de I Samuel, acreditamos ser possível encontrar pelo menos três grandes mudanças de ponto de vista que Deus exige de nós.

I. ÀS VEZES PRECISAMOS REVER NOSSOS SENTIMENTOS (v. 1-3).

  1. Samuel sentia simultaneamente pena e medo de Saul. Quando lemos no capítulo anterior (15: 35), associado ao verso 1º do capítulo 16, descobrimos que no íntimo, Samuel tinha pena de Saul. Talvez porque soubesse de sua personalidade perturbada e de seu comportamento desmedido. Surpreendentemente, porém, quando Deus o envia até Jessé para buscar um outro Rei, Samuel revela ter medo da reação de Saul quando souber de sua viagem.
  2. Mas Deus lhe diz que Saul fora rejeitado pelo próprio Deus. O que precisamos descobrir é que, aos olhos de Deus – e não aos nossos olhos – a realidade é outra. Onde Samuel enxergava alguém digno de pena, Deus enxergava alguém “rejeitado”; onde Samuel enxergava alguém que poderia ser um perigo, Deus enxergava alguém incapaz de ferir um enviado do Senhor.

Aplicação: O profeta Jeremias afirmava em 17:9 que “O coração é mais enganoso que qualquer outra coisa e sua doença é incurável. Quem é capaz de compreendê-lo?”. Diferentemente do que ensinam os livros de autoajuda e aqueles e-mail de correntes que recebemos, acredite: não confie na voz de seu coração. Quando falamos em “coração”, queremos nos referir à sede dos nossos sentimentos e de nossas fidelidades. Não acredite pura e simplesmente naquilo que você sente. Certo dia, em meu consultório pastoral, recebi uma senhora que havia cometido adultério, mas não conseguia sentir que havia sido perdoada. Perguntei se ela tinha consciência de que havia agido errado, e ela admitiu que sim. Perguntei-lhe se ela estava arrependida. Ela afirmou que sim. Perguntei se ela havia confessado a Deus seu erro. E ela mais uma vez confirmou. Neste momento disse-lhe que ela não precisava ter que “sentir” que estava perdoada, ela precisava “aceitar” que estava perdoada por Deus. E li o texto das Escrituras que afirma que se confessarmos nossos pecados Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e purificar de toda a injustiça. Encerrei dizendo para aquela senhora: “não viva com base em seus sentimentos, e sim com base nas promessas de Deus!”.

II. ÀS VEZES PRECISAMOS REVER AS INTENÇÕES DOS OUTROS (v. 4,5)

  1. Os anciãos de Belém vieram encontrar Samuel, tremendo. Diz as Escrituras que Samuel fez exatamente o que dissera o Senhor e foi até Belém. O texto nos diz que os anciãos da cidade saíram tremendo de medo e foram encontrar Samuel para questionar se sua vinda era pacífica. Eles certamente estavam esperando que a vinda do profeta estivesse relacionada com alguma espécie de punição ou juízo sobre a cidade. Essa é a leitura que os anciãos fizeram da chegada de Samuel.
  2. Mas na perspectiva de Deus, a ida de Samuel até Belém teria outro propósito. No entanto, quando lemos o texto sabemos que a intenção de Deus era outra. E muito diferente de destruir aquela cidade – que inclusive estaria intimamente relacionada à chegada do Messias – a chegada de Samuel é acompanhada de um convite à adoração. Daí o convite: “santificai-vos e vinde comigo ao sacrifício” (v. 5).

Aplicação: No texto do Evangelho encontramos Jesus curando um cego de nascença. As ordens de Jesus foram claras. Depois que Jesus passou sua saliva misturada com terra nos olhos do cego, ele deveria ir até o tanque de Siloé para se lavar, e lá, ele seria curado. E foi o que aconteceu. Mas isso ocorreu no sábado. Esse detalhe provocou uma enorme reação por parte daqueles que se consideravam os verdadeiros guardiões da lei de Deus e discípulos de Moisés (Jo 9: 28). O cego e sua família foram interrogados e os fariseus ouviram a realidade nua e crua. Ele era cego e agora está vendo! A intensão dos fariseus era de prender Jesus, acusa-lo de quebrar a lei e silenciá-lo. Mas Jesus conhecia os corações e as intensões dos homens. Seguindo o exemplo de nosso Senhor, não podemos ser ingênuos sobre as intenções dos outros.

III. ÀS VEZES PRECISAMOS REVER NOSSOS CRITÉRIOS DE JULGAMENTO (v. 6-13)

  1. Ao ver Eliabe, um dos filhos de Jessé, imediatamente julgou ser ele o escolhido de Deus (v. 6). Assim que Eliabe é apresentado Samuel se convence que seria ele o eleito. Mas qual a razão? Ela aparece no verso 7: a “aparência” e a “altura”, ou seja, os mesmos critérios usados pelo povo para escolher Saul (9: 2; 10: 23). E eis que Deus revela algo absolutamente primordial para quem deseja ver o mundo com seus olhos: “o Senhor não vê como vê o homem. O homem vê o exterior, porém o Senhor o coração”. É preciso rever nossos critérios de julgamento!
  2. Jessé fez passar diante de Samuel sete filhos e a todos Deus rejeitou. Uma vez que o primeiro havia sido rejeitado por Deus, Samuel pede para ver os demais filhos de Jessé. E um após o outro, todos passam adiante do profeta, sem que Deus aponte o escolhido.
  3. Samuel, desanimado, pergunta se todos os filhos já haviam sido apresentados. Desanimado, o profeta pergunta a Jessé se ele teria algum outro filho que não estava ali. Nesse momento, Jesse fala de um último filho, o mais jovem, o mais inexperiente, o menos apto, aquele que fica no campo apenas cuidando das ovelhas. Samuel manda chama-lo (v. 11). Mesmo quando nossos olhos e nossas experiências nos frustram, precisamos nos certificar se toda as opções foram tentadas.
  4. Samuel unge a Davi, o mais moço, que apascentava ovelhas. Quando aquele jovem ruivo e de boa aparência entra na sala, o Senhor diz a Samuel: “levanta-te e unge-o, pois este é ele” (v. 12). Samuel toma o azeite que estava em um chifre e o unge perante seus irmãos e dos anciãos da cidade (v. 4, 5) e, desse dia em diante, o Espírito do Senhor se apossou de Davi (v. 13).

Conclusão: Assim como Deus precisou revelar à Samuel que ele não olha para a realidade da mesma forma que os homens, o apóstolo Paulo, na carta aos Efésios, estabelece como critério para a observação do mundo, a verdadeira luz. Segundo Paulo, devemos ser filhos da luz (Ef 5: 8), portanto, produzindo bondade, justiça e verdade. Aprovando o que agrada a Deus e recusando veementemente ser cúmplice das obras das trevas. Aquele que expõe as intenções e os sentimentos a esses critérios de julgamento, certamente, terão uma visão mais acurada das coisas, porque verão a partir do ponto de vista de Deus.

Qual tem sido o pondo de vista a partir do qual você vem enxergando a realidade? Em dias como esses, precisamos rever nossas leituras e procurar ver o mundo como Deus o vê.

BREVE REFLEXÃO SOBRE O CATECISMO DA IGREJA ANGLICANA NA AMÉRICA DO NORTE – Para Ser um Cristão

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Rev. Cônego Jorge Aquino

7. O que Deus quer lhe dar?

Deus quer reconciliar-me consigo mesmo, livrar-me do cativeiro do pecado, encher-me de conhecimento dele, tornar-me um cidadão do seu Reino e me capacitar a adorá-lo, servi-lo e glorificá-lo agora e para sempre. (1 João 5: 11-12, 2 Coríntios 5:19, Efésios 2:19, 3:19, Colossenses 1: 9)

Comentário:

Na pergunta anterior refletimos sobre o caminho da vida que nos é oferecido por Deus. Agora, nos deparamos com uma pergunta fundamental para nossa vida espiritual: O que Deus quer lhe dar? Na resposta apresentada pelo Catecismo da ACNA é possível identificar cinco pontos fulcrais sobre esses dons com os quais Deus deseja presentear a mim e a você.

Em primeiro lugar, Deus quer “reconciliar-me consigo mesmo”. A relação da humanidade para com Deus, desde que ocorreu a “queda”, separou dramaticamente Deus de sua criação mais importante: o próprio homem. Agora, Ele mesmo, por meio de Cristo, quer nos reconciliar consigo. Esta verdade pode ser vista em II Co 5: 19, que diz: “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação”.

Em segundo lugar, Deus quer “livrar-me do cativeiro do pecado”. As Escrituras dizem que quem comete pecado é escravo do pecado, mas se o Filho nos libertar, verdadeiramente seremos livres. Em Cristo Deus nos livra do cativeiro do pecado. Podemos ver essa verdade fundada nas Escrituras que afirmam em I Jo 5: 11, 12: “E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está em seu Filho. Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida”. Ao nos dar o Filho, o Pai nos coloca em sua família novamente e nos reconcilia com Ele, retirando-nos do cativeiro do pecado.

Em terceiro lugar, Deus quer “encher-me de conhecimento dele”. Nós o conhecemos pela Revelação Geral, pela Revelação Especial, que está registrada nas Escrituras, e se revela especialmente na pessoa de Jesus Cristo. É, portanto, na pessoa de Cristo e nas Escrituras Sagradas, que encontramos um conhecimento de Deus. Mas, de uma perspectiva mística, um relacionamento pessoal nos dá um conhecimento privilegiado dEle, intermediado pelo Espírito Santo. Paulo nos diz em Efésios 3: 19: “E conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus”. Em outra passagem Paulo é mais enfático ainda ao se referir sobre sua oração pelos irmãos em Colossos com as seguintes palavras: “Por esta razão, nós também, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós, e de pedir que sejais cheios do conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e inteligência espiritual” (Cl 1: 9).

Em quarto lugar, Deus quer tornar-me um cidadão do seu Reino. O Reino de Deus é o nome que damos ao domínio no qual Ele é o Senhor. Usando a metáfora do Reino, e do cidadão, tão comum àquela realidade política, Paulo nos ensina em Efésios 2: 19 que “Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de Deus”.

Finalmente, em quinto lugar, Deus quer me capacitar a adorá-lo, servi-lo e glorificá-lo agora e para sempre. Uma vez reconciliado com Deus e livre do cativeiro do pecado, o cristão passa a ter uma relação íntima com o Senhor e com Sua Palavra, que o torna apto para adorar, servir e glorificar o Senhor com uma alma limpa e com um espírito livre de todo o mal. Esse desejo de adorar o nosso salvador e redentor é real e constante no coração de quem já o conheceu.

Reverendo Cônego Jorge Aquino

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O Rev. Côn. Jorge Aquino é graduado, especialista e mestre em Teologia. Graduado e mestre em Filosofia e especialista em Direito Civil. Foi Sacerdote de Igreja Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB) por 12 anos, assumindo os cargos de Pároco na Capela do Campus da UFRN e em João Pessoa, Reitor do Seminário Anglicano de Recife, Arcediago da sub-região norte da Diocese e representante da IEAB no Conselho Nacional de Igrejas Cristãs-RN (CONIC-RN), Conselho Ecumênico Nacional de Combate ao Racismo (CENACORA), além de participar como membro da Junta de Educação Teológica (JUNET) e do Centro de Estudos Anglicanos (CEA). De lá saiu por discordar da falta de transparência na administração diocesana e pela ausência de atividade pastoral de seu Bispo. Em Natal atuou como Vice Presidente do Centro de Direitos Humanos e Memória Popular por sete anos, chegando a ganhar o Prêmio Estadual de Direitos Humanos. Como professor, ensinou matérias relacionadas à Ética e deontologia Jurídica, História do Direito, Sociologia e Filosofia jurídica e Hermenêutica Jurídica em Instituições de Ensino Superior, na graduação e na pós-graduações dos cursos de Direito em Natal. Casado com Mônica, é autor de 6 livros e diversos artigos em livros e revistas jurídicas e religiosas, além de verbetes em dicionários. Foi também Coordenador do Núcleo de Pesquisa em Direito e Coordenador Editorial da Revista Jurídica Ágora, da Faculdade de Natal. Seu ministério se volta hoje para a formação de novos clérigos e também para o aconselhamento de casais e a realização de Bodas, Bênçãos religiosas e casamentos religiosos com efeito civil em Português, Inglês, Espanhol e Italiano. Atualmente o Rev. Padre Jorge Aquino é responsável pela Missão da Natividade, ligada à Igreja Anglicana de São Jorge, uma paróquia associada à Iglesia Episcopal Anglicana de Chile. (TIM: 84-99904-8850; OI: 84-98871-4375).

Sermão para o 3º Domingo da Quaresma

padre jorge

(Êxodo 17: 1-7; Romanos 5: 1-5; João 4: 5-26)

TEMA: Quaresma: momento de vencer a murmuração (Êxodo 17: 1-7).

Introdução: Há um lindo hino na Harpa Cristã, de autoria de E.K Eufrosine Kastberg, que desde a minha adolescência tem chamado minha atenção pela profundidade de sua letra. Esse hino diz: “No mundo murmura-se tanto,/ Entre os que cristãos dizem ser;/ Em vez de Louvores há pranto,/ Fraqueza em lugar de poder./ Murmuram – assim no deserto,/ Em Mara, Israel murmurou;/ Oh! Não veem que Deus está perto;/ Jamais Seu auxilio negou./ Em vez de murmurares, canta/ Um hino de louvor a Deus;/ Jesus quer te dar vida santa,/ Qual noiva levar-te pra os céus”.

Elucidação: Na narrativa do livro Êxodo, vemos o povo de Deus acampado na região de Refidim. Diz o texto, que neste lugar, a última parada antes do Sinai. Diz o texto, que neste lugar, por não haver água, o povo começou a murmurar e a reclamar com Moisés, e, de certa forma, de Deus, acusando-os de retirá-los do Egito para fazê-los morrer de sede no deserto. É diante desse quadro que Deus age, por meio de Moisés e o quadro se reverte.

Tendo este contexto em mente, refletiremos hoje sobre o tema: Quaresma: momento de vencer a murmuração. Conforme lemos nesse texto – e em tantos outros – o povo de Deus sempre se encontra caindo na tentação de murmurar por causa de sua condição. Diante disso, e com base nesse texto, cremos ser possível encontrar pelo menos três grandes verdades para a edificação de nossas vidas.

I. EM NOSSA PEREGRINAÇÃO TERRENA, FREQUENTEMENTE NOS VEMOS NO DESERTO. (v. 1, 2).

  1. Obedecendo os mandamentos do Senhor. O texto diz o povo de Deus, “segundo o mandamento do Senhor” acampou em Refidim. Esta região é hoje identificada com o moderno Wadi Refayid, que fica a cerca de 13 Km de Jebel Musa. Segundo Alan Cole, “É um mistério, todavia, entender que Israel estivesse sem água num lugar tal como Refidim a não ser que, como Driver sugere, os israelitas estivessem acampados no deserto, fora do oásis propriamente dito, ou, ainda, segundo alguns comentaristas, estivessem acampados além do oásis, entre este e o Sinai”. O que precisa ser registrado é que aquele povo seguiu a orientação de Deus e parou exatamente onde Deus havia ordenado.
  2. Reconhecendo nossos problemas. O povo, olhando ao redor, percebeu que “não havia ali água para o povo beber”. Ao obedecer as ordens de Deus, o povo percebe que estava em um lugar absolutamente desértico, sem água por perto, o que fez com que eles parecem para refletir sobre as ordens que Deus lhes dera por meio de Moisés. Ali eles tiveram a correta dimensão do tamanho do problema que enfrentavam.
  3. Fazendo exigências para com Deus. Quando perceberam a situação em que estavam, israel passou a reagir. E essa reação teve um duplo alvo. Em primeiro lugar o povo “contendeu com Moisés”. Esta palavra é fundamental nesse texto, porque a palavra “contenda” e “discussão”, tem origem na palavra hebraica “meribá”, que acabou dando nome a esse lugar. Diz ainda o texto que eles “tentaram” ao Senhor. Deus foi o segundo alvo da reação do povo. A palavra “contender” – em hebraico “rib” – esta na raiz da palavra “meribá” que ocorre no verso 7. É importante registrar que “rib” é um termo jurídico que aponta para um processo que visa uma sentença. Provavelmente o resultado desse processo resultaria no apedrejamento de Moisés (v. 4).

Além de “contender” contra Moisés, o povo também estava “tentando” a Deus. Deus agora era o alvo da acusação do povo e Ele estava sendo acusado de abandonar Israel para morrer de sede no deserto.

Aplicação: Na carta de Paulo aos Romanos, que lemos hoje, Paulo afirma que devemos nos gloriar nas provações. Elas não surgem para nos destruir, mas com elas, aprendemos a perseverança; com ela a experiência; com ela a esperança, e a esperança não nos confunde, porque o amor de Deus é derramado em nossos corações por meio do Espírito Santo que nos foi dado. Ou seja, nesse momento em que vivemos a quaresma, precisamos compreender que somos constantemente assolados pera realidade do deserto, mas precisamos olhar para ele como uma possibilidade de crescimento espiritual e não da mesma forma que os israelitas olharam, sem esperança alguma.

II. EM NOSSA PEREGRINAÇÃO TERRENA, FREQUENTEMENTE PERDEMOS A VISÃO CORRETA DOS FATOS (v. 3, 4)

  1. Contendendo e murmurando contra os homens de Deus. O versículo 3 diz que o povo “murmurou contra Moisés”. A argumentação deles é que Moisés trouxe o povo do Egito para morrer no deserto. Em razão da visão que tinham da realidade, eles precisavam culpar alguém. E o primeiro que encontraram para responsabilizar pelos dissabores que estavam passando, era a figura de seu líder, Moisés.
  2. Chegamos até a pensar em atos extremos. Moisés clamou ao Senhor dizendo que só lhe falta ser apedrejado pelo povo. Esta expressão que emerge no versículo 4 aponta, nas palavras de R. Alan Cole, “o ultimo estágio da rejeição para um líder em Israel”. Normalmente, quando perdemos a visão correta dos fatos, temos a tentação de acusar ou outros pelas dificuldades que passamos. E, os primeiros a serem responsabilizados por nossos problemas são sempre os nossos líderes espirituais ou, acima de tudo, Deus. Quantas vezes não jogamos sobre Deus a responsabilidade de todas as mazelas que nos acometem!

Aplicação: Existem dois grandes problemas que podem acometer nossa visão: a miopia e a hipermetropia. No primeiro caso, os míopes, possuem uma grande dificuldade de enxergar coisas que estão longe de nós. Por outro lado, quem sofre de hipermetropia, tem dificuldade para enxergar direito os objetos que estão perto de nós. Nossa vida espiritual também pode ser afetada por algum tipo de efeito que nos faça perder a visão correta dos fatos. Que nesse período da quaresma Deus nos permita observar a realidade de tal forma, que não tenhamos que culpar ninguém pelos problemas que eventualmente nos atingem.

III. EM NOSSA PEREGRINAÇÃO TERRENA, FREQUENTEMENTE DEUS INTERVÉM MIRACULOSAMENTE (v. 5-7)

  1. Deus manda Moisés tomar a frente do povo. A linguagem no original dá a entender que o povo queria um processo judicial e Deus, o justo juiz, coloca Moisés diante do povo. Moisés não é colocado por Deus na condição de acusado ou de responsável pelas vicissitudes que sobrevieram àquele povo. Deus honra, mais uma vez esse homem, colocando-o na condição de líder, diante do povo.
  2. Deus manda Moisés levar consigo alguns anciãos. Os anciãos foram chamados e convocados por Deus para servirem de testemunhas da ação que Deus estava prestes a realizar. E Moisés não seria o acusado. Aqueles homens estavam lá para serem testemunhas do que Deus iria realizar por meio daquele homem chamado Moisés.
  3. Deus manda Moisés tomar o cajado com que feriu o rio e ferir a rocha. Este cajado de Moisés estava intimamente relacionado com o juízo de Deus pronunciado contra o Egito, fazendo as águas do rio se transformarem em sangue. Agora, Deus exige que Moisés use esse cajado para ferir uma rocha. E ao fazer isso, o milagre ocorrerá.
  4. Moisés fez tudo o que Deus mandara. E o fez à vista dos anciãos de israel, para que o julgamento fosse cabal. Agora, o problema estava solucionado. Conforme assevera Roy L. Honeycutt Jr., “Mais uma vez Deus é revelado como a fonte de água vivificadora, tema por fim usado na declaração, do Novo Testamento, de que Jesus é a água da vida”.

Conclusão: No texto do Evangelho de hoje vemos o encontro de Jesus com a mulher samaritana. Quem conhece o texto sabe que aqui temos o encontro que ocorre em um poço aonde aquela mulher vinha em busca de água. Jesus olha para aquela mulher e lhe pede água para beber. Ela, surpresa – já que ele é um homem judeu e ela uma mulher samaritana -, ouve as palavras mais maravilhosas de sua vida. Jesus olha para aquela mulher e diz: “Quem beber dessa água, tornará a ter sede. Mas quem beber da água que eu der, nunca terá sede de novo”. Esta é a intervenção mais miraculosa que pode acontecer na vida de uma pessoa. E quem bebe dessa água, além de jamais voltar a sentir sede espiritual, terá rios de águas vivas saindo de dentro de si para levar essa água viva às outras pessoas.

Dia de S. Patrício: Bispo e missionário na Irlanda (385 – 461)

são patrício

Aos dezesseis anos, Patrício foi raptado de sua casa por invasores e levado como escravo para a Irlanda. Conseguiu fugir para a França, onde, segundo se diz, o prepararam para o ministério. Voltou à Irlanda, onde foi sagrado bispo, e passou o resto de sua vida a percorrer o país, pregando o Evangelho aos pagãos que o habitavam. enfrentou inúmeros perigos e oposições e a história da sua vida é das mais heroicas dos missionários cristãos. A devoção à sua memória começou quase logo após a sua morte, e de há muito é considerado o o santo patrono da Irlanda. (Fonte: LOC da Diocese dos Libombos: Moçambique).

BREVE REFLEXÃO SOBRE O CATECISMO DA IGREJA ANGLICANA NA AMÉRICA DO NORTE – Para Ser um Cristão

catechism-anglicano

Rev. Côn. Jorge Aquino

6. Qual é o caminho da vida?

O caminho da vida é uma vida voltada para amar e responder a Deus Pai e seu Filho, Jesus Cristo, no poder do Espírito Santo que habita em Deus, e nos levando à vida eterna. (João 14: 23-26; Colossenses 1: 9-12; Efésios 5: 1-2, Romanos 12: 9-21)

Comentário:

Enquanto existem tantos que preferem seguir pelo caminho da morte, Deus nos convida a seguir o caminho da vida. Mas que caminho é esse? Esse caminho possui algumas características marcantes.

Em primeiro lugar, o caminho da vida é um caminho que envolve uma vida voltada para o amor a Deus e a Jesus Cristo. De fato, esse é o primeiro grande mandamento: amar a Deus acima de todas as outras coisas. Quando amamos algo estabelecemos aquilo ou aquela pessoa como objeto maior de nosso interesse e alvo de nossas ações e desejos. Esse ser ou objeto assume uma condição de absolutidade em nossa vida. Amar a Deus significa colocar todos os outros seres, todas as outras pessoas e todos os outros valores abaixo daquilo que Deus exige. Aquele que busca apenas seus próprios interesses não ama a Deus e não segue no caminho da vida. Lembremos das palavras de Paulo em Efésios 5: 1, 2 que diz: “Sede pois imitadores de Deus, como filhos amados; e andai em amor, como Cristo também vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus em cheiro suave”.

Em segundo lugar, o caminho da vida é um caminho que envolve uma vida vivida sob o poder do Espirito Santo. Viver sob o poder do Espírito Santo significa ser dirigido por Ele. O texto de João 14: 23-26 une claramente esses dois elementos quando afirma: “Respondeu-lhe Jesus: Se alguém me amar, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos a ele, e faremos nele morada. Quem não me ama, não guarda as minhas palavras; ora, a palavra que estás ouvindo não é minha, mas do Pai que me enviou. (…) Mas o Consolador, o Espírito Santo a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto eu vos tenho dito”. O texto de Colossenses é igualmente importante na medida em que revela o desejo de Paulo para que a Igreja seja cheia do conhecimento da vontade de Deus, em toda a sabedoria e entendimento espiritual. Desta forma poderemos andar de maneira digna do Senhor, agradando-lhe em tudo, crescendo no conhecimento de Deus e frutificando em toda boa obra. Nosso Deus nos tirou do poder das trevas e nos transportou para o reino do seu Filho amado (Colossenses 1: 9-12).

Em terceiro lugar, aquele que segue o caminho da vida segue em direção à vida eterna. Essa é a consequência lógica daqueles que andam pelo caminho da vida. Aqueles que seguem as exortações apresentadas por Paulo em Romanos 12: 9-21, porque aprendem a vencer o mal com o bem, assemelham-se a seu Senhor tanto em seu caminho na terra como em sua entrada nos céus. Na realidade as Escrituras são claras ao afirmar que só existem dois caminhos (Mateus 7: 13, 14) e ao nos exortar: “Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; e porque estreita é a porta e apertado o caminho que conduz à vida e poucos são os que a encontram”.  Em resumo, além de afirmar a existência de dois caminhos e duas portas, Jesus nos diz que, lamentavelmente, a maioria prefere o caminho largo e mais fácil de uma vida licenciosa e desregrada que vilipendia o amor de Deus e do próximo.

Por mais que seja difícil seguir o caminho da vida, que consigamos resistir a tentação de seguir o caminho mais fácil que conduz à morte eterna.